quarta-feira, 4 de abril de 2007

coisas da bola

Precisei de algum tempo para me aventurar a comentar as incidências do último jogo entre o Benfica e o Porto. Quanto ao jogo, nada há a apontar, a não ser o anti-jogo constante dos portistas e algumas habilidades de arbitragem, a dar segundas oportunidades a Quaresma nos lances de bola parada (um dos quais deu o golo do Porto), e a gritaria de alguns comentadores portistas que advogam o "5.º amarelo" para Simão desde que ele entra em campo.
Quanto ao resto, i.e., quanto às incidências com os adeptos, distinguem-se claramente dois mundos: um, o da maioria dos adeptos do Benfica, civilizado, e outro, o da maioria dos adeptos do Porto que estiveram em Lisboa, bárbaro.
É verdade que uma minoria de adeptos benfiquistas quis "armar confusão" antes do jogo e fora do estádio com o "super" dragões. Mas também é verdade que foram imediatamente corridos à bastonada pela PSP (foi no momento em que cheguei à Luz, pelo que vi isso acontecer). Ainda bem que foram corridos à bastonada, afinal, a Catedral é solo sagrado, e as mãos benfiquistas não se devem conspurcar em bárbaros.
Por outro lado, já não é verdade que a PSP tenha usado do mesmo critério com os energúmenos que envergonham a cidade do Porto: na verdade, como as imagens televisivas o demonstram, atrapalharam a segurança do estádio, permitindo assim a violação dos torniquetes. Foram corridos à bastonada? Não.
Diz-se por outro lado que a culpa dos incidentes durante o jogo foi da direcção do Benfica por ter colocado os bárbaros no anel superior. Porém, a não ser que se confirme que os "super"dragões são mesmo animais (o que a alcunha do seu chefe deixa suspeitar), isso não lhes dá licença para agredir à mínima oportunidade. Além do mais, existiam duas linhas de segurança entre a margem inferior dos energúmenos e as pessoas civilizadas: uma de polícias e outra de seguranças. Também não pode deixar de ser referido que a polícia de intervenção, quando chamada, acorreu primeiro ao piso 0, onde estavam as vítimas e não para o local onde se encontravam os agressores...
Por fim, é de lamentar que a Liga de Clubes tenha multado o Benfica em 2.000 euros e o Porto em 1.500 euros, o que significa que, para Hermínio Loureiro o respeitinho é ainda muito bonito e que há coisas que não devem mudar: é mais grave uma claque tentar confrontar-se com outra claque (2.000 euros) que uma claque agredir adeptos civilizados (1.500 euros).
Quanto ao Estado, louva-se a atitude de José Magalhães, que ordenou a realização de um inquérito e condena-se o silêncio de Laurentino Dias, tão expedito a atacar o Benfica em questões científicas e tão prostradamente ordeiro agora, como se condena o lavar de mãos da Comissária-gira-do-futebol-que-gosta-de-aparecer-mais-que-o-emplastro, atitude lamentável, mas que não é inédita nas nossas "forças" da ordem: afinal, quem não se lembra de há uns anos, em pleno relvado do Estádio José Gomes, na Amadora, o jogador portista Jorge Costa (com a alcunha de "Bicho") ter agredido um agente da PSP? Esse momento foi transmitido em directo pela TV, mas não deu origem a mais nada que não o sentimento de impunidade que reina entre os "super" dragões.

1 comentário:

Pedro Soares Lourenço disse...

É um post muto bom, mas ainda falta dizer umas coisinhas...