quarta-feira, 31 de maio de 2006

Campo Contra Campo (XLVIII)

Lisboetas, ****



“Em Portugal tudo é bom menos a educação”.

A esta hora já todos ouviram falar de “Lisboetas”, o documentário de Sérgio Tréfaut que ganhou o Prémio de Melhor Filme Português na primeira edição do IndieLisboa, e está a causar um inusitado sucesso entre os lisboetas.
Ninguém fica indiferente àquela frase dita de “cá para lá”, ao telefone, de forma seca e pragmática por uma imigrante do Leste Europeu enquanto as suas crianças constroem castelos de areia numa praia dos arrabaldes alfacinhas. “Lisboetas” é sem duvida um magnífico fresco filmado em super-8 por quem ama a nossa terra.

A Lisboa que já foi Mourisca, a Lisboa que deu novos “Mundos ao Mundo”, a Lisboa dos perfumes das especiarias que chegavam do Oriente. Mas hoje, quase sem querermos dar conta, esta Lisboa de outrora volta devagar por um “mágico” efeito boomerang. A Mouraria a pouco e pouco volta a sê-lo (re-reconquistada!?), os novos Mundos tomam o nosso Mundo, o ar volta a estar perfumado e isso nota-se até na nossa gastronomia.

Daniel Oliveira, a quem sempre leio mas com quem raramente concordo, tem nas paredes do Nimas um fragmento de um texto seu, retirado da coluna semanal que assina no Expresso. Cito duas frases de cor: “Bem lhes podem fechar a porta, eles entram pela janela”; “Devíamos ter aprendido com os americanos, para saber que o futuro será dos melhores”. Está tudo dito.

De “Lisboetas” só me apetece escrever mais uma nota.
Há mais cinema naquele plano final (nem sequer me atrevo a escrever sobre toda a sequencia…) onde o intenso brilho do olhar daquela mulher que acaba de dar á luz irrompe pelo escuro da sala e ilumina a nossa alma, do que nas mais de duas horas d’O Código Da Vinci.



PSL

Sem comentários: