sexta-feira, 26 de maio de 2006

Campo Contra Campo (XLVII)

O Novo Mundo, ***

Há males que vêem por bem.


Vai sendo raro chegarmos às bilheteiras de uma sala de cinema e sermos recebidos com um seco “está esgotado!”. Mais raro ainda se torna quando o filme escolhido está em exibição em duas salas gigantes e as sessões em causa começam para lá da meia-noite. Mas…, tratando-se d’O Código Da Vinci, em bom rigor já nada nos surpreende…

Sorte nítida tal “esgotamento”, pois se assim não fora dificilmente tinha tido o prazer de ver no grande ecrã o belíssimo The New World do mago Terrence Malick.
Para os mais desatentos Terrence Malick, foi o obreiro de dois dos mais belos filmes a que assisti: Days of Heaven de 1978 e o mais recente The Thin Red Line/A Barreira Invisível (a filmografia do realizador esgota-se com mais um titulo, Badlands, também do anos setenta do século passado, ou seja apenas quatro filmes em trinta anos…).


Quem conhece a filmografia de Terrence Malick pode sentir algum desapontamento com The New World. Manifestamente, esta não é uma obra prima como os demais filmes do realizador. Contudo, a cinematogafia única de Malick está toda neste novo filme, cortado em mais de hora e meia para poder ser tragável na correria das salas de cinema dos dias de hoje (quem estaria disposto a “perder” mais de quatro horas do seu reduzido tempo, com os frescos de Malick, no escuro de uma sala de cinema?).
A beleza da técnica impar de Malick (fotografia, som, direcção artística, guarda roupa tudo conjugado com a palavra poema) absorve de tal maneira o sujeito que remetemos para lugar terciário a metáfora do argumento, onde ontem (inicio do sec. XVII) tal como hoje (inicio do sec. XXI) o choque civilizacional impulsionado por um cocktail de escassez de bens misturado com “fés” provoca a fome e a desgraça do costume”.


Os amores trágicos que marcam o ritmo do filme, importantes no decurso da narrativa, estão lá apenas para isso mesmo: marcar o ritmo. O que releva como muito bem enendeu Mário Jorge Torres no Publico é que “(…)cada plano é estudado, recomposto, retocado, cada movimento de câmara revela horas de solene (e pomposa) atenção à multiplicidade de símbolos e de significados ocultos(…)”. Isto é cinema, o resto são “cantigas”.
Não há muito mais dizer sobre o belo e frio filme de Malick, a não ser que se recomenda vivamente o seu visionamento.



PS: Parece que hoje vai haver duas seguidas mas em sítios diferentes…
O desafio é grande, a ver vamos se estou à altura das exigências.
Mas estou confiante, porque o Nimas fica perto do Alvalaxia! ;)




PSL

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