domingo, 29 de maio de 2005

ESPUMAS VII



No amor, não fazemos tudo bem, não devemos estar acima de ninguém, não somos sempre aquilo que desejamos e, por vezes, mergulhamos numa profunda desilusão. Uma desilusão que se escreve frequentemente com palavras nossas em papel de partição. Estamos constantemente em crescimento, mas esse aprofundamento pode ser irreconhecível, ou enganoso quando não o sentimos na nossa intempestiva reflexão. A esperança de que a racionalidade crie escadas de compreensão e de remissão não traz necessariamente satisfatória ascensão. Pior do que isso, pode mesmo transformar-se em real regressão. Quantas vezes o complexo de sentimentos e de sonhos não corresponde às nossas decisões e fantasias. A quimera que almejamos para as nossas vidas fortuitamente metamorfoseia-se, converte-se, transfigura-se, e ficamos no lugar donde partimos para esse amor. Daí o veraz regresso, para os afirmativos, ou o recuo verídico, para os mais realistas, não serem verdades ou boa companhia. A involução humana no amor não significa não o ter ou não encontrá-lo nos átomos que nos rodeiam. Involução no amor é unicamente, porque não se pode viver tudo o que ele nos dá, não querer estar para além do nosso lugar. Unicamente e só.

NCR

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