Na discussão sobre a luta contra o tabagismo, centra-se o debate em dois aspectos distintos mas igualmente levados ao extremo tentando convencer as massas da iniquidade das proibições impostas aos fumadores.
Em primeiro lugar procura-se assustar os não-fumadores com as restrições à liberdade:
«- hoje o tabaco, amanhã o que será?» questionam os fumadores, esquecendo que o panorama actual é uma reacção contra os abusos que os fumadores durante anos levaram a cabo sobre os não-fumadores. Quem não se lembra de elevadores, carruagens de comboio e metropolitano e gabinetes colectivos de trabalho cheios de fumo? Por acaso havia fumadores preocupados com a liberdade de não fumar dos outros? Haver havia, mas eram pouquinhos... Além do mais, ainda nesta linha argumentativa, procura-se fazer crer que num grupo de amigos que vai a um restaurante, os não-fumadores terão sempre de se sujeitar a um estabelecimento que admita fumadores, uma vez que estes não conseguirão estar sem um cigarro na boca por muito tempo... O inverso, ou seja, os fumadores escolherem não fumar para estar com não-fumadores nunca se coloca nos argumentos.
Em segundo lugar, procura-se assustar os não-fumadores com os excessos na proibição de fumo:
Claro que é ridículo proibir-se alguém de fumar em sua casa, na rua, na praia, etc. . Estes excessos devem ser combatidos.
Mas, no que respeita a excessos proibitivos, por exemplo, nunca vi ninguém manifestar mais que um mero desdém sobre medidas proibitivas de consumo de álcool na rua ou em casa em muitos países.
Bem, nunca vi, até agora. Isto porque os excessos de proibição do consumo de álcool servem - agora - para ilustrar e reforçar a luta contra o anti-tabagismo. A este respeito, veja-se o seguinte exemplo passado nos Estados Unidos da América (a pátria da liberdade e - paradoxalmente - do puritanismo religioso), e relatado por Joaquim Fidalgo no Público de ontem (e visto hoje no blogue da Atlântico):
«Um juiz condenou um casal a dois anos de prisão por ter servido vinho e cerveja na festa do 16º aniversário do seu filho. No estado onde se passou a cena (Virgínia), pode conduzir-se a partir dos 16 anos, pode comprar-se uma arma a partir dos 16 anos, pode ir-se para o exército a partir dos 18 anos, mas não se pode beber álcool antes dos 21 anos. A polícia da terra interveio na tal festa de aniversário e os pais do jovem acabaram na prisão. Por terem servido vinho e cerveja, em sua casa, ao filho e aos amigos do filho.»
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