O nosso amigo e atento leitor Ricardo Mesquita deu demasiada importância a um comentário algo leviano escrito por mim aqui e decidiu enviar-me a seguinte mensagem via correio electrónico que desde já agradeço:
Pedro,
Quem leia o teu comentário no post do NCR sobre o B.Leza corre o risco de ser enganado ou ficar confuso. "De preferência com ar condicionado e sem bebidas maradas" é de uma infelicidade, diria grave.
De certeza absoluta que nunca bebeste uma bebida "marada" no B.Leza!
Não dá para escrever sem cuidado dando-se ao mal entendido, como neste caso. É o bom nome de boa gente que fica em causa.
Merece uma retratação.
Pois merece, sim senhor. Confesso, Ricardo, que das poucas vezes (três ou quatro) que fui ao B.Leza tinha jantado bem e bebido melhor. Por certo enganei-me. E o que bebi de "marado” nessas noites foi noutro sítio qualquer. De certezinha. Absoluta.
Agora numa coisa deves concordar comigo, caro Ricardo. O B.Leza ficaria muito mais belo e bem cheiroso com um ar condicionado a substituir aquelas vetustas e ineficazes ventoinhas. Ou não?
Actualização
O Ricardo não se deixou enganar por um aprendiz qualquer como eu e com um fair play digno de um cavalheiro (dos antigos) respondeu assim às minhas suaves provocações:
Pedro
Antes de mais muito obrigado pelo privilégio da “publicação” da mensagem que te enviei.
Li o teu comentário ao teu mail e, sem querer criar precedentes, não posso deixar de responder-te.
Antes de mais, não acho que tenha dado demasiada importância ao assunto. Pelo contrário. Chamei-te a atenção para a gravidade de uma afirmação que, muito leviana e irresponsavelmente, pôs em causa o bom nome de quem gere aquela casa que, como sabes, conheço bem, prezo muito e sei incapaz de proceder como, só posso admitir sem pensares, deste a entender.
Quando comecei a ler o teu comentário quase conclui que duma retratação se tratava. Mas, quando cheguei ao “De certezinha. Absoluta.” Desiludi-me com as dúvidas maiores que me cabisbaixaram. E, como compreenderás, uma retratação não podia dar-se a dúvidas, sob pena de para nada servir, senão para a eventual insistência, agora encapotada e certamente deliberada, na pura e ignóbil maledicência. Talvez o problema resida em mim e nas minhas profundas limitações. Mas que me assolou um cheirinho a ironia fétida, lá isso assolou. Eis um Pedro, que desconheço, incapaz de uma retratação pura e sem margens para dúvidas? Ainda não quero crer.
A irritação é grande, mas nem por isso suficiente para motivar, por si só, a também discordância quanto à maior beleza e aos melhores odores resultantes do evocado ar condicionado. Casas de música africana com ar condicionado, douradinhos brilhantes e chão de mármore a condizer imagino que haja muitas, mas nada têm a ver com o B.Leza, à excepção de um ou outro disco a rodar no prato. O B.Leza é assim: genuíno, como a vida e como nós, cheio de defeitos indispensáveis para tantas alminhas que, como eu, moribundam de saudades. Que volte aquele bafo quente! Que volte aquela gente, aqueles músicos! Que voltem de vez aquelas vetustas e ineficazes ventoinhas! Com o cabelo ao seu vento saborearás um copo que faço questão de te oferecer.
Posto isto resta-me enfiar a rabeca no saco e desejar que o B.Leza regresse rapidamente; pois não só faço questão de ser eu a oferecer-te esse copo, como insistirei em deixar a garrafa à tua disposição. Para que as nossas noites, Ricardo, sejam sempre melhores que os vossos dias.
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