quarta-feira, 28 de fevereiro de 2007

O Grande Português de Sempre

Na selecção do Grande Português de Sempre (RTP) deveria atender-se que o conceito Grande não é qualitativo, mas quantitativo. Daí que, de certa forma, não perceba a razão do concurso O Pior Português de Sempre, feito pelo Inimigo Público. Dá a ideia de que o programa da RTP vai eleger o Melhor, o que não é necessariamente verdade. No entanto, sente-se a incerteza, porque confunde-se Grande com Melhor. Até a palavra Maior é equívoca, no nosso linguajar. Por exemplo, o pior português de sempre, para mim, e dentre as pessoas que se destacaram na influência da vida dos portugueses e que tenhamos conhecimento, é Salazar. Este gigante português de estatura média é um grande português, alguém poderá discordar disso?! Para exercer poder político durante aproximadamente 48 anos é mesmo um dos maiores portugueses de sempre! E dos mais duradouros e resistentes, também. Por isso, acho que ninguém deve ter medo da grandeza de Salazar, porque a genialidade e a moralidade não fazem parte do conceito. Sobretudo o último, pois, se fossemos por esse caminho estreito interpretativo, D. Afonso Henriques, Álvaro Cunhal, D. João II, Marquês de Pombal, Infante D. Henrique e Vasco da Gama não poderiam constar na lista. O respeito pelos valores humanos, aliás, não é a pauta de vida que dá mais fama ou reconhecimento. Olhe-se para a lista dos 10 mais e conclua-se quem está em (esmagadora) minoria.

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