quarta-feira, 11 de outubro de 2006

Os Grandes Portugueses, na RTP

Este tipo de iniciativas são positivas, apesar de alguns inconvenientes menores, particularmente no período pós-resultados. A positividade resulta sobretudo do facto de estas votações serem populares, livres e universais, para além do reforço da identidade e do conhecimento nacionais promovido pela busca do português a eleger. Como tudo o que é aberto, livre e democrático, está naturalmente mais sujeito à crítica, sobretudo negativa, e a influências com pendor emocional ou mesmo jocoso.

Até ontem, uma grave omissão constava da 'lista de sugestões' de voto feita pelo painel da organização da RTP: não constava os nomes de Oliveira Salazar e Marcello Caetano. Foi mais um sucesso, ou uma vitória para os mais triunfalistas, da blogosfera na guerra das influências das agendas nacionais. Mas na minha opinião, as omissões continuam, não porque sejam presenças obrigatórias per si, ou porque à partida mereçam um lugar de tanto destaque que é quase impossível não constarem dentre os mais votados. Há omissão pela razão dos pares que constam na lista. E não se trata de gostar mais ou menos de futebol, literatura, política, moda, ou seja o que for. E até nem se trata de não se ter vivido na época ou conhecer-se mal as pessoas, porque as omissões que considero existirem são do nosso tempo: a mais importante para mim é a do José Pacheco Pereira, mas outras existem como Almeida Santos, D. Afonso V, Ernãni Lopes, ou mesmo José Sócrates (pelos mesmo critérios da sugestão de Durão Barroso).

Contudo, a mais gritante é mesmo a omissão de Pacheco Pereira, um português que, quer se queira ou não, será uma referência incontornável da era contemporânea portuguesa, mas, como acontece a todas as cabeças livre-pensantes, raramente são universalmente reconhecidas no seu tempo. Porque precisamente, em muitas ocasiões, criticam e combatem o seu próprio tempo e os que nele habitam. Todavia, penso que esta referência não deveria passar despercebida à RTP, não obstante se não ter esquecido do seu ascendente Duarte, e assim deve ter entendido que fica tudo em família.

Por último, dois palpites. Primeiro, para dizer que tenho poucas dúvidas quanto à vitória de D. Afonso Henriques (eu sei que é arriscado dizê-lo agora, mas assim o faço) - apesar de suspeitar da concorrência de Eusébio. Segundo, que esta votação irá agitar por alguns dias a blogosfera, sobretudo se Oliveira Salazar conseguir um lugar no top five, como suspeito que será muito possível de vir a acontecer. É que uma das características da blogosfera é a sua imensa previsibilidade. Por isso mesmo, cá está, desconfio que este post no futuro próximo ainda virá à baila...por mim, provavelmente.

Por último último, e para minimizar as minhas omissões, votei em D. João II.

4 comentários:

Nuno Santos Silva disse...

Também votei D. João II. O português que transformou o rectângulo projectando-o para a imensa expansão que durou 500 anos.

Nuno Cunha Rolo disse...

Bem, como se costuma dizer, nem combinado...
NCR

Pedro Soares Lourenço disse...

...e o Cosme Damião, seus traidores? Então não tinhamos combinado que votavamos Cosme Damião?

:)

Pedro Soares Lourenço disse...

Agora menos a brincar: Como ficou claro pelo pendor emocional e jocoso desta minha nota, acho que estas coisas de escolher personalidades roça a banalidade. Não serve para muito mais do que entreter as massas. E entreter é bem mais barato do que formar ou educa. E dá muito menos trabalho.
Outra coisa: responder à pergunta quem é o maior Português de sempre com os nomes de Sócrates ou Barroso para alem de emocional e jocoso é outra coisa que eu agora não posso dizer.
Só mais uma nota: estou cada vez pior! Cada vez mais provocador. Tu, NCR, que bem me conheces sabes bem o esforço titânico que tenho de fazer para me conter, ehehehe. Então quando é com os meus amigos…
Um grande abraço e mantem a boa forma blogosferica, hoje evidenciada. Ahhh, e larga lá os canudos desta vida para fazer uns quase-canudinhos na tal superfície da cor do céu, que nos conhecemos.