A Terra é uma causa única para os indivíduos, mas é um mundo, como os seus habitantes, cheio de paradoxos desconcertantes. Nas ideias, foram as teorias individualistas de Platão, Hobbes, Rousseau que permitiram o comunismo; na civilização, deve-se à mal amada Política a condição humana de ser livre no desenvolvimento da sua personalidade; na música, Ravel não conseguia tocar as peças que compunha, assim como Bach nunca viu o instrumento pelo qual a grande maioria das suas obras seria exaustivamente tocada (o piano); e no próprio corpo humano, cuja existência se deve à respiração de algo que o mataria se o inspirasse como ar.
Mas há um paradoxo interrogativo que não é fácil de justificar na lógica da razão humana: que futuro para a humanidade (o ser, o estar, a cidade, a vida humanas, tudo!) quando o outrora primeiro seu objectivo, a preservação da espécie, é substituído pelos interesses de um (uns), em nome da razão de um estado? Não há, nem haverá, Política que sobreviva a este novo quadro de valores, antípoda do maquiavelismo.
Seja a política nuclear da Coreia do Norte e do Irão sincera ou estratégica, uma coisa é certa: não é para o bem da raça humana. Não por ser nuclear e a Coreia do Norte ou o Irão, mas antes por não obedecer ao primeiro fim absoluto da humanidade: preservar-se, garantir e respeitar vidas humanas.
Assim, a política internacional e nuclear não está dissociada dos direitos e deveres humanos e políticos. A Política não deverá nunca dissociar-se do Direito do Bem Comum.
Mas, insisto, não parece estar assimilado que, ao contrário do Mundo onde o nosso está integrado, as espécies extinguem-se e os planetas explodem para todo o sempre. E o risco cresce quando os estados oficialmente acreditam que o Mundo onde vive o deles, o nosso, existe para salvar e renascer as transitórias almas danadas. Mesmo em prejuízo da matança de outras futuras almas danadas
A posição de princípio a adoptar parece simples, apesar de não ser maioritária no planeta Terra: entre a morte e a cegueira, escolha-se a cegueira. Antes sofrer dela e combatê-la, que morrer sem alternativa de vida. E sobre qual delas realiza o fim último da humanidade, não se deve ter dúvidas. E assuma-se essa posição em todos os espaços de intervenção possíveis, pois as cavernas não se esgotam nas alegorias.
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