E se o Papa fosse assassinado por radicais islamistas?
E já agora, repito uma pergunta que já aqui fiz: se o que está em causa, nesta era pós-11 de Setembro, é a religião e a cultura, como alguns sociólogos falantes gostam de comentar, porque razão o Vaticano nunca foi atacado?! Será que a culpa é da guarda suíça?
As revoluções liberais ensinaram que a religião e o estado não jogam. Um dia espero que seja conhecimento assente para todas as pessoas que a política e a religião são, e devem continuar a ser, campos distintos em qualquer decisão ou política públicas a favor do bem comum.
Com a sensibilidade para a insegurança em tão alto grau frenético nas sociedades de hoje, tanta que já as palavras de um chefe supremo religioso matam os seus acólitos (Torquemada mudou de nome, para Terrorrista), estou convencido que bastava um atentado ao Papa, uma bomba na Capela Sistina ou um tiroteio na Praça de S. Pedro, para que toda a situação mundial involuisse em uma jihad generalizada e fortuita. Aliás, e as instituições não se ficarão pela sepração do 'estado' e da igreja. A semana passada assistiu-se a uma reacção e destaque de Durão Barroso sobre o não alargamento da UE no médio prazo (referindo-se obviamente à Turquia), com uma oportunidade muito duvidosa. Na verdade, foi uma retaliação da reacção radical islâmica ao discurso do papa na sua nação natal. As palavras e o contexto extravasam as entrelinhas.
Portanto, estas perguntas têm todas razão de ser. Se houver um ataque violento na Europa a um conjunto de pessoas ou lugares católicos, tais actos contribuirão para os 'cristãos' cerrarem fileiras, convergindo católicos praticantes e não praticantes e a religião católica ganhava bastante com isso. A análise clássica da História diz-nos que, até uma determinada dimensão, aqueles que sofrem os ataques da 'guerra suja' são os mais beneficiados por eles, caso tenham poder militar similar ou superior. Este é o paradoxo do ataque terrorista, não sendo, per si, um ataque de guerra convencional.
A religião, muito provavelmente, será a causa de extinção da humanidade. O pior de tudo, é que tal verdade nunca será reconhecida, pois quando acontecer, já não restará por cá ninguém para a reivindicar. É uma espécie de reverso da fé religiosa: esta, encontra sempre uma razão actual(izada) para tudo o que acontece no mundo (agora, nova versão da teoria da origem das espécies, até a razão da razão é produto de Deus!), é a eterna falácia da contemporaneidade. E eis a razão do seu sucesso (pois quem sabe o que lhe vai acontecer no futuro?), por outro lado, a causa religiosa da extinção humana, não encontra nenhuma razão para que haja uma razão para ter resposta para tudo. Toda a religião tem implícito um conceito de totalitarismo, a diferença entre elas é que, umas são beligerantes, outras já deixaram de o ser.
E o futuro?... De um novo clarão far-se-á uma nova luz... ilumminando um vasto deserto de terra, que substituirá o vasto deserto de ideias líderes em que o mundo mergulha. Que esperança existe, então, para nós, espécie humana em queda para a desgraça? No céu não é de certeza, quem é astronauta sabe-o melhor do que ninguém. E outra coisa é certa: quando os cidadãos demitirem a política laica da sociedade, o melhor é prepararem-se para uma nova guerra... municiem-se com armas e palavras, evitem os pregos e fujam das cruzes. Parece apocalíptico, mas não é, o mundo sobreviverá, mas sem homens em terra, ou seja, sem religião. A questão que se coloca, neste contexto, é saber se é possível não coincidir o fim da religião com o fim da humanidade.
1 comentário:
Sabendo ser sempre perigoso, principalmente no actual contexto, dizer nunca, parece-me que nunca o Papa será assassinado por radicais islamistas. Nem me parece que essas forças o tentem, sequer, fazer. Começa a ser (quase) pacífico que o actual quadro internacional escreve-se com lutas politicas e ideológicas e não religiosas ou civilizacionais. O que está em causa é saber quem manda mais, quem controla mais território, quem controla mais recursos energéticos, face a uma China e Índia emergentes e impossíveis de combater pela força, ou por outro qualquer meio hostil.
Aqui a religião apresenta-se, essencialmente, como um veículo publicitário e propagandístico no sentido de conquistar as massas para a luta dos senhores da guerra. Os do Oriente, mas também – que os há – os do Ocidente.
Ainda assim – como se nota - é uma excelente questão.
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