terça-feira, 3 de outubro de 2006

Campo Contra Campo (LX)

Volver, ***

Já há muito que estava para suceder, pois por pouco antes não tinha sucedido. Era uma questão de tempo…
Mais tarde ou mais cedo haveria de ser projectada uma sessão unicamente para mim. A luz a penetrar a película apenas para deleite dos meus sentidos. Aconteceu. Ontem, sessão da meia-noite e meia, sala 2 do cada vez mais decrépito complexo Alvalaxia. Centenas e centenas de lugares vazios. Apenas o meu ocupado. E logo para ver um filme pejado de fantasmas

Volver é um Almodovar clássico mas menor. Um argumento que seria excelente se não fosse destrambelhado. A energia dispendida na escrita não foi acompanhada na cinematografia. Estão lá, como sempre, as personagens tipo de uma Espanha que ainda mantém muito do seu passado nos arredores da grande Madrid e na infinita planície. Mas falta audácia numa camera indolente que só a espaços rompe magistralmente a monotonia.
É, como dissemos, um filme de fantasmas. E porque “os fantasmas não choram”, o drama muitas vezes vira comédia. Comédia triste, mas viva de alma e de espírito.
Penélope Cruz tem aqui o papel da sua vida. Mas as outras senhoras são também encenadas com mestria. E é o que fica de Volver. Grandes actrizes acompanhadas de uma vontade de filmar as misérias da vida. E de uma vontade de regressar.

PSL

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