A RTP começou ontem uma overdose, que durará até domingo, da aclamada e premiada série Lost.
Nunca fui fã (como se pode ler aqui – link). Mas sou adepto de segundas oportunidades. Assim sendo, lá decidi perder o meu serão com a coisa. E perdi, mesmo.
Depois de ter assistido à retrospectiva da primeira temporada e ao primeiro episódio da segunda a ideia com que fico de Lost é de oportunidade perdida.
Quer em termos plásticos, quer em termos narrativos a série assenta num jogo de entediantes lugares comuns, pouco importando, como dizia ontem ao Publico o realizador português Joaquim Sapinho que “(…) há uma expansão infinita para o passado, o presente tem cada vez mais mistério, e o futuro é uma completa incógnita(…)” se tais momentos são explorados com o vazio.
Vejamos Cold Open e flashback´s: são técnicas de sempre, que pelo seu simples emprego não traduzem qualidade. Os pedaços de filme têm de fazer algum sentido, ter algum nexo plausível sob pena de tudo ser oco. Um ecran negro ou um imaculado espaço em branco têm o mesmo efeito que a plasticidade de Lost.
No processo narrativo, para alem do texto ter sido construído para analfabetos (não sendo assim estranho o monstruoso sucesso da série na América Latina, maxime no Brasil…) o debate Metafísica Vs Ciência é tão ingenuamente aflorado que mais parece estaámos a ler o Diário da Maria.
Enfim…, unhas e cabelos tratados e brilhantes, pele alva, barbas feitas, bem nutridos, fisicamente em forma…, que merda vem a ser esta para quem está à cerca de um mês numa ilha deserta, sem tecto e agua potável.
Apesar dos prémios, ir dar sangue ou vender chuchas à porta de um maternidade parecem-me actividades mais estimulantes do que estar sentado no sofá a achar perdidos. E no fundo, no fundo, devem estar todos mortos. Todos numa espécie de purgatório. Todos são todos. Os protagonistas, “os Outros” e sobretudo os espectadores.
PSL
Sem comentários:
Enviar um comentário