No passado mês de Abril tive o privilegio de estar 17 dias no Brasil. Grande parte desse tempo foi passado na cidade cantada de maravilhosa, o Rio de Janeiro.
Após muitas horas a voar de cá para lá e ter sido "descarregado" à porta do hotel na Avenida Atlântica, largadas as malas no quarto, senti-me impelido por uma estranha energia; nunca esquecerei a sensação - era de noite, algo tarde… - de atravessar o asfalto, percorrer escassos metros até uma das muitas barraquinhas do mítico calçadão que nunca fecham, e ai pedir em português uma agua de coco gelada. Fechar os olhos, abrir os olhos, voltar a fechar e a abrir: repousava finalmente o espirito naquela terra dada ao Mundo por alguém que falava a mesma língua com que escrevo esta palavras.
Apenas há uns pares de horas, junto ao local que vos descrevo um jovem caia por terra com um único golpe de navalha. Não se levantaria mais pelos seus próprios meios. Directamente, nada neste facto me diz respeito. Mas perturbou-me!
Fez me recordar o turbilhão de emoções que diariamente de mim se apossavam sempre que calcorreava aquele espaço. Fi-lo a todas as horas. De manhã, à tarde, à noite. Fossem duas ou seis da manhã. Inconsciência ou uma sorte danada?
O jovem André nunca poderá recordar ou contar-nos o que viveu quando o seu olhar se cruzou com a baia de Guanabara. Eu devo recordar-me e já agora, se não for grande maçada para quem me lê, contar-vos o que senti.
Fado Carioca é uma curtíssima serie de postais manuscritos na memória e em aleatórios pedaços de papel, que finalmente ganham vida com a luz do vosso écran.
PSL
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