quarta-feira, 16 de agosto de 2006

ESPUMAS XXXII

As histórias de amor existem e os contados amores também, o problema é que raramente acabam com a morte. Elas terminam antes. Não seria um problema se a nossa morte não fosse certa. Se a vida termina um dia, se é possível o amor gerador de felicidade entre seres humanos, qual é, então, o verdadeiro problema? Pois, precisamente por isso, a vida é curta, e os amores também. Não se pode deixar de acreditar, mais do que uma questão de , é uma questão de saudável sobrevivência. Algumas pessoas fantasiam grandes amores, outras convencem-se que não precisam deles para serem felizes, mas a necessidade dos mesmos está no quotidiano honesto e consciente, num qualquer recanto confortavelmente conhecido e definido pela nossa marca. Ignorá-lo é adiar o sofrimento de quem não o tem, que pode deixar um rasto para toda a vida. Pior cego é aquele que não pensa o que vê, com todos os olhos que a natureza humana lhe deu. O amor existe e precisamos dele, de todos eles. Nem que seja do próprio, do tipo altruísta naturalmente, o que não nos serve, antes é para oferecer. O amor, mais do que um sentimento, é uma História, da nossa, dos outros, de todas as coisas que nos dão valor. E por muitas histórias que se atravessem. É portanto uma história de vidas. Pensando bem, uma história de amor findar na morte não é um verdadeiro problema, pelo contrário, basta que tenhamos, até ao nosso fim, uma vida cheia de amor para dar. Assim feito e, na realidade, a morte imitará a vida.

NCR

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