sexta-feira, 18 de agosto de 2006

Campo Contra Campo (LV)

Miami Vice, ****

Miami Vice não é um filme para meninos.
Michael Mann decidiu pegar na clássica serie “pop-chunga” dos anos 80 e sem lhe retirar os cliches que a caracterizavam (crime, policias, droga, mulheres, noite, carros, barcos..., tudo muito veloz...) deu-lhe uma fantástica roupagem de film noir que lhe cai tão bem. Com tal vestido preto Mann nada compromete. Muito pelo contrario, são quase duas horas e meia filmadas no limiar do excesso de velocidade mas com uma classe digna da tropical Miami.


Miami Vice é um filme muito equilibrado, com algumas sequências muito bem filmadas e melhor montadas. Por exemplo, a longa sequência de abertura, é digna de entrar nos livros.
Mann só peca por não ter sabido fugir às lamechas do costume. Operacionais daqueles não tem tempo para se apaixonar, muito menos por colegas de profissão. Alias quando isso acontece a coisa dá para o torto. E não é pouco...


Apenas mais duas notas, pois um filme de pura acção como este vê-se mais do que se lê:
Existe um preciosismo técnico – se assim se pode dizer – muito bem explorado e que muito revela. As chamadas telefónicas “importantes” efectuadas pela bandidagem não são feitas com recurso ao banal telemóvel mas sim por telefone satélite com recurso à rede Iridium. Um pequeno pormenor cinematográfico mas que acentua o que há muito se sabe: A rede iridium não permite a mesma facilidade de “escuta” que a rede telemóvel.
A sequência final é fantástica. Depois de Heat, Mann comprova que não há como ele em Hollywood a filmar “bang-bang”. Tudo sóbrio sem dramatizar com excesso de “fogo de artificio” .

PSL

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