quarta-feira, 23 de março de 2005

Campo Contra Campo (VIII)

MILLION DOLLAR BABY *****

Podia estar um dia inteiro a escrever sobre o filme de Eastwood.
O que foi para si Million Dollar Baby?
Ainda não viu?
Não perca mais tempo a ler este post. Vá ver.
Para mim?
Bom, para mim, Million Dollar Baby é um filme sobre nós: os humanos.
De que somos feitos? Porque somos assim? Qual a nossa verdadeira natureza?
Aborrecemo-nos, zangamo-nos com coisinhas. Com o vento que sopra de sudeste e nos invade a cidade com o fedor que vem das chaminés do Barreiro. Com o Professor porque fala muito depressa. Com o chefe, que é um chato, com a vizinha porque o cão ladra, com o vizinho que nos acorda com o berbequim. Porque o mar não se enquadrou comigo. Com a vida, com os outros, connosco. Porque sim!
Porque sim!
Tenham juízo.
A vida é bela, basta saber vive-la.
Porque de um momento para o outro estamos ali, presos, imóveis, onde já não resta nada. Nada…!
Talvez por o meu meio de transporte ser um veiculo com duas rodas - há tantos anos que ando de mota… - talvez porque já perdi amigos que não se souberam defender. Tal como Mary M. não se soube defender.
Talvez, porque, sei lá, tenho medo, muito medo, de um dia ficar assim. Ali, como a rapariga do milhão de dólares…
Onde está a dignidade humana numa vida que nunca mais poderá ser vida?
De resto. Eastwood é enorme. Pelo que filma, mas essencialmente pelo que não filma. Não é a luz que pauta a realidade, mas sim a sua ausência.
Eastwood está na galeria dos mágicos, e assim entendo, porque tenho uma cassete de VHS religiosamente guardada com "Imperdoável", que ando há mais de três anos para arranjar tempo de ver.

PSL

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