Abortar significa "dar à luz antes do fim da gestação", portanto, segundos os mais básicos princípios humanistas, ninguém deverá ser a favor de um aborto, excepto se valores tão igualmente importantes estiverem em causa. E mesmo assim, a excepção só será humanamente viável, enquanto o feto não se completar ser humano, ou seja, diz a ciência, às dez semanas.
Não obstante a pergunta manhosa do nosso futuro referendo e apesar de, idealmente, desejar votar não em qualquer referendo sobre o aborto - e como seria bom assim acontecer, sinal de que as pessoas eram responsáveis, instruídas e psicologicamente fortes -, salvaguardadas as actuais/habituais três excepções previstas no Código Penal, vou votar Sim. O Sim é um voto de pesar. É, bem sei, um voto a favor da morte, ainda que de um embrião humano. É o voto do reconhecimento que somos falíveis, frágeis, fracos, falíveis, incompletos, numa palavra, humanos. Há muitas desvantagens no voto Sim. Tantas quantas as fraquezas de qualquer esperança.
Todavia, no dia 11 de Fevereiro vou reduzir-me ao mundo real das massas humanas e reconhecer, como usualmente acontece nos velórios de familiares e amigos, que a existência humana é mais do que uma cinza de pó, pois é susceptível de se extinguir com um mero sopro da vida que encerra. Sobretudo numa mulher.
Sem comentários:
Enviar um comentário