LISBOA
«Regressas estátua sem o querer
ao largo Olissipo de cume verde,
são ervas crescendo para morrer
no barulho mecânico da cidade.
Nos teus olhos postos e urbanos
correm pessoas e canais,
são velhos, cavaleiros, espaciais,
de carro, de avião, do mais e mais.
Vira-te Lisboa e não regresses
ao tempo donde partiste, chora
a tua destruição~e despe as vestes
e pára a chegada que te devora.
Os dias exigem ambição, resguardo e vaticínio,
sem demagogia política
não está no coração desta lusa nação,
carnavalesca seca de acendalha atípica.
Paciência, diz o pêlo à pele,
suportas tu a pressão opressora?
Desta varanda calçada calculadora
conta-se o ruído que o diabo te amolece.»
© Miguel Pessoa Campomaior, "Poesias Urbanas"
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