Vamos então ao denominador comum de Charlie e a Fábrica de Chocolate, A Ilha, Ela Odeia-me e Cinderella Man.
O que inesperadamente liga tão diferentes obras é a forma como se aborda um tema fatalmente recorrente a todo o cinema , mas que surge nesta temporada com uma pujança inabalável. A argamassa que “junta” obras tão diferentes é a família enquanto instituto fundamental de uma comunidade.
Vejamos. O que mais brilha em Charlie e a Fábrica de Chocolate é a forma como Burton trata a família. A do próprio Wonka e a dos diferentes “putos” sortudos. Veja se o que está em jogo e as inelutáveis referencias a Dickens.
Também varias famílias marcam A Ilha. Primeiro uma “família de autómatos”, depois uma “família” que procurando buscar a liberdade, busca também ser aquilo que nunca foi. Impossível não ver aqui – e da forma mais marcante em todos estes filmes – um feroz ataque à crise na célula base da sociedade.
Por seu lado em Ela Odeia-me, encontramos a analise (critica?) da família pós-moderna em que pura simplesmente é preciso recorrer a um “agente externo” para que exista família. Pois..., digam o que disserem família assim não tem futuro; e com jeitinho acabará mesmo com o dito. É a própria negação do seu conceito.
Ora cabe a Cinderella Man fechar este “festival familiar”. De todos, este é o filme onde a “família” representa papel mais central e pragmático.
O curioso é o facto de em filmes tão dispares a família como instituto surgir de forma expressa, embora mais ou menos “à flor do cinema”. Dá que pensar esta neo-preocupação dos grandes estúdios; enquanto nós por cá esperamos Alice, também ele um filme onde a família é cabeça de cartaz.. É que dá mesmo que pensar.
PSL
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