sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008

Regicídios

É lixado estar do lado errado da História. Aquilo que para uns é heroísmo, para outros é traição. O que para uns é calculismo para outros é abnegação. Enfim, todos as acções têm dois lados, duas versões, duas motivações.
Para os monárquicos, D. Carlos e o príncipe herdeiro Luís Filipe morreram pela Pátria. Para os republicanos, Manuel Buíça e Alfredo Costa também morreram pela Pátria.
Os quatro morreram acreditando que matavam e morriam por Portugal.
Não faz por isso sentido transformar o regicídio de há cem anos numa nova questão portuguesa, e deve-se reduzi-lo ao que - hoje - verdadeiramente é: História. Como factos meramente históricos e já sem significado político hoje em dia, como os outros regicídios ocorridos na História portuguesa: ninguém se lembrará de querer "enlamear" a reputação de D. Manuel I pela morte de D. João II (provavelmente envenenado por partidários daquele), pois não?
Caso contrário, que nos impedirá de ressuscitar (para além do aspecto histórico-científico) as atrocidades cometidas entre portugueses na Monarquia do Norte? A marcha sobre Lisboa de Paiva Couceiro? O "regicídio" de Sidónio Pais? O golpe de Braga? O assassinato de Humberto Delgado?
De nada serve reabrir feridas antigas:
Fez-se o luto por Carlos, Luís Filipe, Manuel e Alfredo.
Repousem os quatro em paz, e saibamos nós pegar neste país que as gerações anteriores a nós , de monárquicos e republicanos, não souberam honrar.

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