"No Banquete de Platão, a profetisa Diotima de Mantineia ressaltou para Sócrates, com a sincera aprovação deste, que ´o amor não se dirige ao belo, como pensa; dirige-se à geração e ao nascimento no belo´. Amar é querer ´gerar e procriar´, e assim o amante ´busca e se ocupa em encontrar a coisa bela na qual possa ´gerar´. Em outras palavras, não é ansiando por coisas prontas, completas e concluídas que o amor encontra o seu significado, mas no estímulo a participar da gênese dessas coisas. O amor é congénere da transcendência; não é senão outro nome para o impulso criativo e como tal carregado de riscos, pois o fim de uma criação nunca é certo.
Em todo amor há pelo menos dois seres, cada qual a grande incógnita na equação do outro. É isso que faz o amor parecer um capricho do destino – aquele futuro estranho e misterioso, impossível de ser descrito antecipadamente, que deve ser realizado ou protelado, acelerado ou interrompido. Amar significa abrir-se ao destino, a mais sublime de todas as condições humanas, em que o medo se funde ao regozijo num amálgama irreversível."
"Amor Líquido – Sobre a Fragilidade dos Laços Humanos", Zygmunt Bauman
(via Agenda Cultural Lisboa)
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