Um dos temas em debate na serie televisiva norte-americana que aqui (link) vos falei é a liberdade da arte face aos novos (velhos) fundamentalismos.
Uma das protagonistas, directora de um pequeno mas emergente e arisco museu em Los Angeles, consegue exibir uma exposição verdadeiramente provocatória que toca no clássico cliché: onde termina a arte e começa a pornografia.
Um grupo de cidadãos católicos e atentos, insurge-se com aquela exibição, onde, por exemplo, se encontra uma instalação vídeo em que a virgem Maria é possuída por trás por José. Curiosamente, quando a serie passou em estreia (Junho passado) tivemos oportunidade de saber – ainda antes do genérico desse episódio – que tal cena fora montada por um artista português em Lisboa. O episódio seguia em flashback. Agora, na repetição do mesmo, esse pormenor foi – sabe-se lá porquê – omitido.
O tal grupo de cidadãos tudo faz para evitar a exibição de “provocações”, a exposição em causa, elevando o seu protesto para o campo da ameaça da vida intima e privada da directora do museu. Um tremendo drama que só visto, contado não tem sequer um impacto mínimo...
Vem tudo isto a propósito da noticia, ouvida de manhã na oxigénio, e agora confirmada aqui de que: A Deutsche Oper de Berlim, uma das três salas de ópera da capital alemã, anunciou na segunda-feira que retirou da sua programação a ópera de Mozart «Idomeneo», por recear que suscitasse protestos de islamitas.
Vale a pena ler o resto da noticia para facilmente entender o ridículo da situação.
A Europa não pode recuar desta forma face ao medo, sob pena de contribuir para nova idade media em progresso. Um tempo de trevas, de negrume, de recuo cultural e social.
Neste campo, a Europa tem muito a aprender com os vizinho do lado de lá do grande lago atlântico, que nesta coisa da liberdade de expressão não pedem licença a ninguém não parecendo estar dispostos a fazer concessões seja a quem for. A bem dos princípios civilizacionais que tanto amamos.
PSL
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