sexta-feira, 13 de janeiro de 2006
ESPUMAS XXII
A mão acompanha o corpo na condução do destino. É segurada por um pulso dobrável mas firme, sobre as costas de uma amigo maior, raro e elegante, companheiro de todas as desventuras e desregras. É importante a sua razão de ser como fiel instrumento de uma causa maior. Sem ele, pode ser-se tudo, mas com ele é-se o que é. Sem artifícios da socialidade, o denominador de convivência da gente grande. Continuando por vales difíceis de atravessar, o eco dos desejos fecha-se sobre o emissor e o prazer de o atravessar é catártico. Poucas cabeças vão para além do que conseguem ouvir de si próprias...chamam-lhe individualismo, às vezes. Nada mais ilusório. É bem-estar. Se todas as almas fossem individualistas, compunham uma sociedade maior, mais harmoniosa, menos problemática, mais solidária. Não existe mais felicidade, existe prazer. O conceito gastou-se no corpo social, como solas nos sapatos. É dificil saber que o caminho é árduo, quanto mais atravessá-lo. E, para todos, há uma pergunta: como viver bem sem acreditar no bater da pele onde se habita?
O que resta da individualidade, ou seja, da humanidade? Vende prazer ou compra felicidade? O primeiro sai do corpo, o segundo conduz à alma.
NCR
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