segunda-feira, 2 de janeiro de 2006
Carta de um humano alíegena exilado
«Caros conhumanos,
O que queremos de 2006? Saúde? Amor? Felicidade? E se não quisessemos nada disso. E se desejassemos simplesmente um ano de vida. Alguém se lembra de desejar vida?! Um aninho apenas que tanta diferença pode fazer! Mas será que faz? Será que fazemos puto da vida que levamos? Será que uma criança desguarnecida, uma mulher a lutar pela sua dignidade, um ser humano combatente pela sua insignificante cidadania, lutam por valores de vivência? Ou serão de sobrevivência? Será que não deviam somente pedir mais uma vida, pobres coitados? Não será a saúde, o amor e a felicidade um luxo para essa pobre gentalha? E para que queremos nós ter mais um ano? Para fazermos algo por nós? Pelos outros? Pela comunidade que, amorfamente, nos dizima? Porque não votar pelo reforço dos amigos, pela consolidação do que somos, sem máscaras desenhadas pela cobardia da nossa reles evidência? Mais um ano para praticar a solidariedade? Realizar o bem comum? Para que queremos nós, ímpios urbanos, mais um ano? Para bater com a cabeça nas paredes e queixarmo-nos de que estamos mal, muito mal, etica, economica e infelizmente? Porque não se pede mais um dia de merda, uma hora depressiva ou um minuto de silêncio pelas nossas almas? Porque no final do ano não se faz o balanço de toda a estupidez, todo o conformismo ou todo o desperdício da canina existência anual? A passagem do ano é uma fuga para a frente de toda a expiação demeritória da nossa ignóbil atitude face a todos e aos factos que nos rodeiam! Porque não se deseja simplesmente mais um ano de vida para que, tal como os cães, correspondam à tradicional insuperação das expectativas do fim da adorável horizontalidade do nosso ser. Fiquem-se pelo pó, caros humanos, porque maioritariamente não passamos disso mesmo. Se querem ser poeira, tirem as coleiras, saiam das casotas e afoitem ganas para se levantarem! Basta ter vida para o fazerem, ou não?!»
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
2 comentários:
...afinal quem (en)canta assim..., tão melancolicamente???
Cat Power, "The Greatest", a não perder. Ouve-se até à exaustão...
abraço,
NCR
Enviar um comentário