domingo, 18 de maio de 2008

O Arcádia feito pelos seus leitores

...ou ainda - e sempre, para sempre - Casablanca.
Do nosso amigo e leitor Gonçalo Macieira recebemos o seguinte comentário a este post:

Casablanca, envolto nas suas sombras e neblinas, opera uma rara magia em quem o vê – para além de imagem e som tem um sabor e um cheiro. Não são muitos os filmes que nos transportam tão completamente para outros lugares noutro tempo. A sua total encenação do real (quem não sentiu um arrepio quando soube que foi integralmente rodado num estúdio de Hollywood) cria uma ilusão tão envolvente que nos sentimos, mais do que meros espectadores, verdadeiros personagens em trânsito naquele universo. Não nos limitamos a ver o Rick’s Caffé, estamos lá, numa mesa a beber um copo ao lado de mulheres fatais, mais ou menos desesperadas, refugiados, nazis, polícias, mais ou menos corruptos, diplomatas e espiões. No fim, sentimos o frio da madrugada daquele aeroporto, e todos acabamos por partir para Lisboa com uma certa mágoa.
Quando estreou em Portugal foi retirado de cartaz após a estreia e reposto mais tarde, depois de passar pela censura, retirada que foi a cena em que a Marselhesa abafa o hino alemão (salvo erro era o hino alemão!). Conta-se que grande parte da assistência que assistiu à estreia, também, se levantou a entoar a Marselhesa.

Um grande abraço.

P.S - Já agora, deixo-te esta do recentemente falecido Pedro Bandeira Freire, do Quarteto, que é, de facto, uma expressão máxima de paixão pelo cinema - "Há bons filmes e maus filmes. Os bons são os melhores".


O Gonçalo é das poucas pessoas que tenho o prazer de conhecer que sabe ver cinema, sabe interpretar cinema e sabe saborear "o" cinema. Três razões mais dos que suficientes para escrever sobre cinema. E esta, como podem ler aqui, já não é a primeira vez que um comentário seu ascende à qualidade de post. Gonçalo, como por certo já te disseram varias vezes, esta casa arcadiana também é tua. Grande abraço.

Nota: na imagem Victor Laszlo (Paul Henreid) lidera "la resistance" na vitória da Marselhesa sobre o hino da Terceiro Reich no Rick’s Caffé. Como aponta o Gonçalo, talvez um dos momentos que mais catarse terá provocado na historia do cinema, com salas pejadas de gente livre a levantarem-se para entoarem o celebre hino gaulês. Longínquos tempos esses em que todos éramos franceses...

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