E assim nos vão governando, seja quem for, aqui e acolá, nas diversas esferas jurídicas por onde nos encontramos diariamente. E assado, anda o frenesim da discussão da idade do candidato liberal Pedro Passos Coelho, com os seus 43 anos. É o nível da nossa política, da comunicação dela e de quem, por mais honesto que seja, se vê obrigado a suportá-la, talvez com a esperança - digo eu, ingenuamente - de mudar algo por dentro, acreditando na sua melhoria. O país europeu mais conservador de sempre tem um candidato conservador a primeiro-ministro com 41 anos! Alguém o critica por isso? Talvez um indicador do nosso conservadorismo-provinciano. Blair foi um dos mais novos primiro-ministros ingleses de sempre, alguém, universalmente, o criticou por isso? Zapatero, Aznar, blá, blá... É por estas e por outras que a direita liberal, direita liberal mesmo - não pseudo-direitas -, não vinga em Portugal, nem nunca vingará, pelo menos em democracia.
Outra questão é o curriculum vitae do candidato. Isso sim, deve ser falado e discutido. Qual o seu percurso? Que ideias defendeu e exprimiu? Que escritos se conhecem dele? Aqui reina outro conservadorismo: o do pudor. Há vergonha lusa em alguém afirmar-se que deseja ser primeiro-ministro (PM). Alguém no início da vida política deseja ser PM? (Quase) Todos. Alguém se atreve a comunicá-lo? Nenhum. Churchill, Bill Clinton, Blair, prepararam-se durante décadas e comunicaram-no, mas em Portugal manda a tradição de Salazar. "Se mais não houver quem melhor fará, modestamente farei o que de melhor há em mim" Pudor, provincianismo e vergonha. Tanto quanto aquela a que parece já tornar-se numa condição de vencer as eleições: a de se autodenominar não-político! Ou então (como fez o actual vencedor da "Câmara" de Londres - por sinal com 43 anos) com discurso e campanha anti-políticos ou anti-política! E o que é mais surpreendente, é que as pessoas gostam de ouvir e votam neles. Nesses políticos apolíticos! Não por serem novos políticos ou políticos novos, mas por serem anti-políticos, anti-candidatos, anti-sistema! Faz-me recordar aquela dádiva do ateu - que dá graças a Deus por não acreditar nele!
É a política da idade, estúpido! É a política da idade, sim, imberbe... E é se queres chegar à Idade da Política! O respeitinho é muito bonito. Antes da história, a pré-história. Não muito jovem, espero.
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