O Porto, como sabemos, será muito provavelmente o vencedor do campeonato da primeira divisão este ano (essas coisas de "primeira liga", "super liga" não passam de mariquices). Só não sei com quantos pontos de avanço sobre o segundo classificado porque o caso Meyong (que resulta de uma inadvertida falsificação de documentos pela Federação Espanhola) pode ter consequências sobre o caso Leandro Lima (que resulta de uma inadvertida falsificação de documentos pela Confederação Brasileira), envolvendo este último - se não me engano - 24 pontos para o Porto.
Como todos vemos, o avanço do Porto, semana após semana, resulta da combinação de três factores:
primeiro: Benfica e Sporting perdem pontos;
segundo: Porto ganha pontos;
terceiro: quando o Porto não está a conseguir ganhar um jogo, lá aparece um elemento correctivo...
É óbvio que este terceiro factor é pouco abordado pelos comentadores televisivos que conformam as opiniões dos dias seguintes aos jogos: são na sua maioria pais de família, com responsabilidades financeiras, e não se lhes pode exigir que analisem imparcialmente as actuações do clube do seu patrão, nem se lhes pode exigir imparcialidade quando analisam o clube do seu coração ou o clube que lhe abriu as portas à carreira em que estão inseridos.
Nestes últimos 20 anos de colonização monocolor das estruturas directivas do futebol, da arbitragem e da imprensa desportiva, houve apenas um ano em que esse polvo foi efectivamente abalado: 2004/2005. E nesse ano, o polvo andou desnorteado...
Nestes últimos 20 anos, houve uma atitude metódica de organização do campeonato de futebol em torno de um clube, o que resultou na despromoção da segunda divisão (com as zonas norte, centro e sul) para um terceiro escalão, permitindo assim que uma peneira "de Honra" filtrasse os clubes que sobem ao primeiro escalão, e que são maioritariamente de uma única associação distrital, a do Porto, com clubes alimentados pela cabeça do polvo que, sempre que necessário, dão um jeito ao chefe.
Essa é a razão pela qual não há na primeira divisão qualquer clube alentejano, algarvio ou mesmo da Beira interior, ou de Trás-os-Montes: ficam longe do Porto.
Urge desmontar esse sistema centralista, urge recuperar o futebol para os adeptos a sério (que não são os de sofá), com jogos à tarde e não à noite, com equipas do Norte, do Centro e do Sul.
Urge pois desmontar o discurso segundo o qual só é possível competitividade e profissionalismo nas equipas do distrito do Porto.
O futebol aos adeptos, e os bandidos para a cadeia!
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