terça-feira, 2 de agosto de 2005

Porque se move Mário Soares?

In veritate, a razão é de dupla ordem: porque detesta a ideia de ver Cavaco Silva presidente da República (com todas as consequências daí decorrentes) e porque toda a sua personalidade se eleva na adrenalina de um exercício político, seja ele uma eleição, um mandato ou um desafio de ideias.

Jocandi causa, outras razões plausíveis:

- porque gosta tanto de Manuel Alegre que não quer que ele perca as eleições;
- porque está com saudades de ver o seu retrato na galeria dos presidentes no Palácio de Belém;
- porque a Maria Barroso ameaçou-o: «ou Belém ou desdém?»;
- porque Mário Soares quer apagar a derrota do filho em Sintra;
- porque quer controlar a medida de cicuta a oferecer a Sócrates;
- porque já não cabem mais livros em Nafarros e na Praia do Vau;
- porque está farto de pagar as suas viagens do seu bolso;
- porque já tem saudades de vetar umas leizinhas;
- porque quer ser o último presidente da República, antes de isto se tornar Jardim de Portugal;
- porque quer vingar a morte de Cunhal e fazer com que os comunistas votem sem um olho fechado.

...

Na verdade, e fora de brincadeiras, a razão principal da sua putativa candidatura, se que é que há alguma, é que a Mário Soares não lhe chega ser Mário Soares.

NCR

5 comentários:

Pedro Soares Lourenço disse...

A Mário Soares não lhe chega ser Mário Soares porque não existem outros a querer ser “Mários Soares”. Ou não querem ou... pior ainda, falta-lhes o engenho e a arte.

Anónimo disse...

Só para lhe dizer que "in veritas" é, em Latim, uma impossibilidade. "Veritas" é o nominativo e aqui aplicava-se o ablativo, isto é, "veritate".
"In veritate", portanto.
Se não sabe Latim, por que motivo o utiliza?

Nuno Cunha Rolo disse...

Caro Carlos Campos,
As suas palavras finais, infelizmente, são um reflexo do país e do povo que temos. Quando sabe algo, e em vez de se contentar com a transmissão do saber aos leigos, reivindica logo uma superioridade (magister dixit), um poleiro (ex cathedra) e um moralismo provincianos que castra muitas vezes a nobreza do mestre, outrora aprendiz. É pena, porque vivemos hoje numa sociedade do conhecimento. E muito mal estaremos se a 'especialização' for a única condição do saber e da comunicação. Depois do despotismo esclarecido de Pombal, da ditadura militar de Sidónio Pais e do autoritarismo policial e civil de Salazar, só nos faltava mesmo a opressão linguística!
Todavia, agradeço-lhe o primeiro parágrafo. Quanto ao último, vade retro..., com toda a humildade.
E, já agora, quanto aos erros, sugiro a leitura de “Unended Quest: An Intellectual Autobiography” de Karl Popper. Estamos sempre a aprender.
NCR

Anónimo disse...

Olhe, meu caro, as suas palavras definem-me sem margem para dúvidas.
Mas o facto mais significativo da sua personalidade é não ter corrigido o erro.
"Vade retro", Você. Bem precisa!

Anónimo disse...

Carlos Campos:
Nunca ouviu dizer que a ignorância é atrevida? Aí tem.