Há pouco na TSF o Prof. Calvão da Silva esclarecia, na qualidade de membro do grupo de trabalho que preparou as propostas de alterações à Constituição, que na prática não há diferença entre "justa causa" e "razão atendível".
Assim sendo... por que alterar?
A verdade é que para os liberais todos os contratos devem ser cumpridos, excepto os de trabalho: mas na lei actual sempre que um trabalhador incumpra os seus deveres, ou mesmo sempre que um trabalhador se mostre inadaptado ao seu posto de trabalho, pode ser despedido. Devem é ser cumpridas as regras básicas de contraditório, para que a ruptura do contrato não resulte apenas dos humores da entidade patronal.
A verdade é que praticamente metade dos trabalhadores portugueses estão em situação precária, e os liberais continuam a dizer que a culpa da falta de competitividade de toda a economia é da outra metade, onde se incluem - claro - os funcionários públicos.
A verdade é que os liberais sonham com um mundo em que é mais fácil despedir um trabalhador do que rescindir contrato com a Zon ou com a MEO, do que mudar de banco, ou do que mudar de operador telefónico.
Estranho é que, para uma doutrina que - teoricamente - coloca o Homem no centro da civilização, na prática trata-o como mera mercadoria.
2 comentários:
Nem mais! Nem mais! Nem mais!
Volta Salazar, tás perdoado!
Meu Deus, nunca pensei dizer isto, mas já tenho de facto uma certa certeza em proferir o que outrora consideraria como sacrilégio.
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