segunda-feira, 10 de abril de 2006

Alguns desafios geracionais

Não está muito visível, ou não se quer dar muito a conhecer, ou a areia é tanta que os olhos não vêem para além dela, mas o conflito entre gerações está cada vez mais presente na vida política da sociedade portuguesa, e europeia. As actuais políticas públicas restritivas para os jovens ou para um futuro de longo-prazo que atinge os jovens de hoje, sobretudo entre os 20 e os 40 anos, no domínio dos direitos e dos novos enquadramentos jurídicos sociais e laborais são a ponta do icebergue do conflito geracional. Se acrescermos a isto a falta de motivação e, consequentemente, intervenção políticas, compreende-se melhor o leque contributivo para o argumento deste filme baseado em factos reais. Não admira que os futuros políticos sejam gestores e o eleitorado formador de maiorias partidárias seja constituído pela velha geração, sobretudo quando a taxa de natalidade em Portugal decresce a olhos vistos, empurrando a sociedade para uma incapacidade de se regenerar. E quem ganha as eleições? São os defensores dos direitos adquiridos, dos regimes sociais ablatórios de longo-prazo e os arautos do conservadorismo. A nova geração pede oportunidades de trabalho e de criação de riqueza, enquanto a velha geração reivindica empregos, pensões e ajudas estatais. É um ciclo vicioso, que só terminará com uma nova política. Política essa que ainda não tem os seus políticos.
Em França, parecer haver uma inversão de tudo isto: os jovens querem as velhas políticas, por definição incapazes de resolverem os desafios de um mundo que já não é pressuposto. A anestesia é uma coisa boa, mas não nos põe bons.

NCR

4 comentários:

AL disse...

Seja volver a uma política "velha" ou criar uma política "nova" o que realmente importa é que alguma coisa mude ou se faça, porque ficar como está... cada vez se torna mais impossível.

@rmando disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
@rmando disse...

Carissimo Nuno,
Não foi em França que se deram as primeiras revoltas populacionais, dando origem ao Constitucionalismo Moderno? Não foi naquele país que alguém questionou o "quem era o 3.º Estado"?
É pena que nem Portugal se viva nesta passividade (com os políticos a querem dominar a cena política, económica, jurisdiconal, etc, etc...) e não se agitem as águas que mansamente correm no Tejo. Nem que para isso tenha que voltar o "velho do Restelo".

Um abraço!

NRS disse...

Concordo inteiramente Nuno.
O mais difícil será mudar a mentalidade.
Agora a realidade é uma evidência e urge fazer algo...

Abraço,

Nuno Silva