Não está muito visível, ou não se quer dar muito a conhecer, ou a areia é tanta que os olhos não vêem para além dela, mas o conflito entre gerações está cada vez mais presente na vida política da sociedade portuguesa, e europeia. As actuais políticas públicas restritivas para os jovens ou para um futuro de longo-prazo que atinge os jovens de hoje, sobretudo entre os 20 e os 40 anos, no domínio dos direitos e dos novos enquadramentos jurídicos sociais e laborais são a ponta do icebergue do conflito geracional. Se acrescermos a isto a falta de motivação e, consequentemente, intervenção políticas, compreende-se melhor o leque contributivo para o argumento deste filme baseado em factos reais. Não admira que os futuros políticos sejam gestores e o eleitorado formador de maiorias partidárias seja constituído pela velha geração, sobretudo quando a taxa de natalidade em Portugal decresce a olhos vistos, empurrando a sociedade para uma incapacidade de se regenerar. E quem ganha as eleições? São os defensores dos direitos adquiridos, dos regimes sociais ablatórios de longo-prazo e os arautos do conservadorismo. A nova geração pede oportunidades de trabalho e de criação de riqueza, enquanto a velha geração reivindica empregos, pensões e ajudas estatais. É um ciclo vicioso, que só terminará com uma nova política. Política essa que ainda não tem os seus políticos.
Em França, parecer haver uma inversão de tudo isto: os jovens querem as velhas políticas, por definição incapazes de resolverem os desafios de um mundo que já não é pressuposto. A anestesia é uma coisa boa, mas não nos põe bons.
NCR
4 comentários:
Seja volver a uma política "velha" ou criar uma política "nova" o que realmente importa é que alguma coisa mude ou se faça, porque ficar como está... cada vez se torna mais impossível.
Carissimo Nuno,
Não foi em França que se deram as primeiras revoltas populacionais, dando origem ao Constitucionalismo Moderno? Não foi naquele país que alguém questionou o "quem era o 3.º Estado"?
É pena que nem Portugal se viva nesta passividade (com os políticos a querem dominar a cena política, económica, jurisdiconal, etc, etc...) e não se agitem as águas que mansamente correm no Tejo. Nem que para isso tenha que voltar o "velho do Restelo".
Um abraço!
Concordo inteiramente Nuno.
O mais difícil será mudar a mentalidade.
Agora a realidade é uma evidência e urge fazer algo...
Abraço,
Nuno Silva
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