segunda-feira, 28 de novembro de 2005

Amar é não ter que pedir...

...a frase que mais ouvi hoje de manhã, decorrida da apresentação na Radar de um novo filme francês. Boa frase, mas má para se ouvir logo pela matina. Sobretudo porque faz pensar, e normalmente pensar à hora do cantar dos galos dá mau resultado. Todavia, de certa forma esta frase obrigou-me a pensar. A princípio gostei e até concordei com ela, pelo menos durante vários longos minutos. A final, como agora, tinha muitas dúvidas. E as perguntas, como já é patológico, vieram em catadupa. E se para quem ama, pelo menos para uma delas, o pedido é condição desse Amor? Será menos Amor? O amor não começa sempre com um pedido? Quando se ama e não se tem vontade de amar, por medo, sofrimento, insegurança, deverá haver um pedido para se amar? E quando se desconfia incessantemente desse amor, não é ususal ao desconfiado exigir esse pedido? E a verdade, essa maldita arma do desamor! Não começará a fazer alguns estragos, questionando o amor, o amar, o pedido? E será verdadeiro o amor de ambos os amantes? Terá que ser igual? Será que pede-se cada vez mais porque as pessoas enganam outras, por vezes durante meses e meses? Ou porque que há interesses superiores como o dinheiro, a influência familiar, a defesa contra os problemas emocionais e de desequilíbrio interior, a ilusória ultrapassagem de amor pelo amor, a defesa contra si própria?

Amar é, de facto, não ter que pedir, por muito que não custe pedir quando se ama profunda e verdadeiramente. Mas pedir é, também, amar. Sobretudo, pedir perdão. O pedido dos pedidos. Pedir perdão e saber perdoar são os dois pratos de uma balança a quem muitos chamam amor. Até na desilusão. Até na traição. Amar é, assim, mais do que não ter que pedir... como em tudo que dependa da imperfeição.

NCR

1 comentário:

izzolda disse...

Acho que amar é não ter de pedir porque os pedidos não precisam de ser formalizados verbalmente. São satisfeitos sem sequer serem necessárias palavras :)
Faça-se a excepção aos pedidos de desculpa. Que devem ser sempre formalizados, digo eu, claro ;)