sexta-feira, 21 de outubro de 2005

World Press Photo 2005

"Estas fotografias cheiram a flores e a pólvora. Tocará na pele macia dos bebés e sentirá fome. Ouvirá o rugido da natureza e o silêncio da dor. E talvez, apenas talvez, fique mais perto de compreender quem somos, a derradeira questão."

Quem foi ver a exposição, com certeza que se lembra desta frase de Diego Goldberg, presidente do júri deste ano da WPP, inscrita no painel frontal à entrada da mesma, onde constava os "credits" da selecção deste ano.

É uma bonita e tocante frase, ao contrário do conjunto de fotografias seleccionado. Não que tenha sido uma decepção, antes direi que já pressentia uma certa banalização em quase todas as fotos. Todas demonstram talento e qualidade (escreve o leigo na sua óptica obviamente), mas nenhuma me fez pensar sobre «a derradeira questão». E até estava bem disposto para isso.

A parte portuguesa então, nem me quero pronunciar. Ou melhor, direi sim que se aquelas fotos são as melhores de 2004, como se costuma dizer, vou ali e já venho, que é o mesmo que afirmar, não volto! E não é por não haver fotógrafos e fotogrsfias portugueses de excepção (basta ir ao www.olhares.com ou www.thousandimages.com para descobrirmos fotografias fantásticas), simplesmente talvez haja pouca iniciativa e meios para estar nos sítios certos, à hora certa.

Apesar de tudo isto, valeu a pena. Vale sempre a pena, nem que seja para relembrar a dor, a alienação e a pobreza de tantos milhões de pessoas, em sintonia com a penúria cultural e infelicidade em geral portuguesas, neste país onde (quase) tudo é feito «em capelinhas, de costas para as outras aldeias, em nome de uma fé maior». Portugal devia ganhar uma menção honrosa na rubrica "Maldição"... o país está tão mal que mesmo assim o povo não se levanta contra ele, pobre coitado!

...Estou na ironia, se é que ainda não perceberam.

NCR

1 comentário:

Unknown disse...

Espero que não tenhas caido na mesma asneira que eu, que fui depois de jantar... A agonia é a indisposição durou até ao aoutro dia.
Para a próxima, terá de ser de estômago vazio..