segunda-feira, 17 de outubro de 2005

GRAXAS I*

Portugal é um caso maior de vaidade. Diria mesmo, de vaidade mundial. Somos os maiores no futebol, no atletismo e no hóquei em patins, os melhores na manha, na esperteza e no desenrascanço, o país dos cafezinhos, dos centros comercias e das lojas do euro e meio, fazemos edifícios públicos e estádios de futebol como se fossem moradias privadas, temos os mais bonitos senectos bigodes femininos, as vivendas mais bonitas da Europa e as mais belas curvas masculinas da felicidade. Somos ainda uns craques ao volante, batemos qualquer recorde de virilidade e morrer todos os dias na estrada é sinal de enorme preparação para qualquer guerra civil e de grande resistência psicológica e urbana. A nossa vaidade é brutal! E, por isso, exigimos o máximo, a perfeição, a impoluta moralidade e a genialidade a todos, sobretudo aos políticos, essa gente que nem ao povo pertence! Portugal é o máximo! Vaidade, exigência e, claro, amizade! Portugal é a terra onde há mais amigos por metro quadrado. Toda a gente conhece toda a gente, mesmo quando desconhece. Em Portugal, todos somos compinchas, amigalhaços e os melhores amigos dos nossos amigos. E o que não fazemos pelo nosso melhor amigo? Amigo do nosso amigo, nosso amigo é. E que se lixem os outros, que ninguém sabe quem são. São os outros, os vizinhos, os contribuintes, os que se andam também a amanhar à nossa conta, sobretudo os políticos! Há, assim, em Portugal, amizade para dar, vender e trocar, sobretudo para trocar! Seja ‘jovem’, ‘chefe’, ‘caro amigo’ ou menino’ ou ‘menina, somos todos grandes no ‘abraço’ e no ‘favor’ amigo. É um país nosso, feito de aldeias e aldeãos. O país do povo de peito feito. Somos os maiores, ponto final, para quê repeti-lo! Os políticos…ah...esses malfeitores, é que parece que não são de cá! Somos os maiores em tudo, menos em política, porque será?! Ou será que assim não é?!

NCR


* Começo hoje, e aqui, esta nova rubrica influenciada pela 'anbiência' nacional. O GRAXAS parte de fora para dentro, porque a piada, a ironia, o escárnio, a chacota e o deleite são uma autêntica riqueza nacional. Se contasse para efeitos do PIB, seríamos o país mais rico da Europa. Basta ver a TV (Contra-Informação, Malucos do Riso, Batanetes, Levanta-te e Ri, Gato Fedorento, Tudo Sobre, etc.) ou o sucesso de personagens como Herman José, António Feio, Ricardo Araújo Pereira, Nilton, entre outras. A história contemporânea de Portugal poderia ser feita de comédia. O GRAXAS também surge porque escrever, rir e sorrir, até de nós próprios, não pagam imposto. E, por último, porque não gosto de graxistas.

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