Um dos maiores erros do entendimento humano actual, na senda do empirismo de Locke que relevou a análise e a observação na formação do conhecimento, é cada vez mais discutirmos os conceitos e as ideias pela bitola da personalização. Ou seja, é crescente a incapacidade de se discutir e analisar os problemas que afectam a sociedade política ou as questões às quais se deve dar resposta com o necessário divisor comum que é a abstracção. Consequentemente, a atracção pela imediática e excessível tarefa de sacralização da personalização é notória. Vai para 9 anos que dou aulas numa universidade e há 9 anos que comprovo esta bola de neve da 'concretitude personalizada'. Sempre que ponho os alunos a discutir um problema, é raro partirem da teorização para o caso concreto, e ainda mais raro é sairem dos 'casos reais' e pragmáticos que «a experiência de vida» ensina [quando não mesmo descamba para os 'ataques' pessoais do(s) interlocutor(es)]. E quanto mais velhos são os alunos, maior a dificuldade de abstracção. Tão certo quanto, da Terra, vermos sempre o mesmo lado da Lua.
O problema agudiza-se quando se trata de discutir 'Política'. Confunde-se Política com politiquice ou políticos, democracia com partidos políticos, poder com autoridade. Admito que seja eu que esteja errado ou que o problema esteja mal colocado. Mas vou esforçando-me, com alegre e cumprida tolerância tentada, em desensinar o ensinado pelo mundo que os rodeia. É difícil desaprender, por isso a abstracção é tão importante e necessária. Um tema a desenvolver em posteriores posts...
NCR
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