segunda-feira, 17 de janeiro de 2005

Caminhando...



Que fazer para sair desta crise em Portugal?
É humano ter sonhos e ilusões. É humano e saudável. E é severamente deste planeta termos as nossas frustrações e desilusões. Actualmente Portugal passa por uma publicitada crise, deveras praguejada por uns e abençoada para outros.
Uma crise que atravessa vários patamares da estrutura humana, social e institucional da sociedade política pode constituir uma oportunidade de mudança.
Por outro lado, as crises são as causas do futuro que se quer cada vez melhor e podem contribuir para a posição correcta de arranque para as vitórias que se desejam nesta época de ‘velocidade furiosa’, qual um atleta dos 100m sem a qual nunca vencerá qualquer corrida. Neste sentido, a identificação das causas é importante para começar.
Sabemos, contudo, que o mais difícil em Portugal não é começar, se começar significa encontrar os especialistas na matéria, criar-se uma comissão e fazer-se o diagnóstico e um programa de soluções ou um plano de acção. Como normalmente isto encontra-se já feito, há a tendência portuguesa ou para se repetirem os estudos ou para se ficar pelos estudos, pelo que qualquer das vias é infrutífera, inconsequente, frustrante e, ainda por cima, gasta recursos escassos do Estado.
Quando se pergunta qual a solução para a crise ou, que é a mesma coisa, como saímos dela, lembro-me muitas vezes da frase do poeta espanhol Antonio Machado «el camino se hace al andar». Esta frase simples tem mais palavras do que aquelas que lemos, pois fala de individualidade (somos nós que temos que o caminhar), responsabilidade (pelo caminho que decidimos tomar) e ter um objectivo (caminhar). Daí que pense, em conjunção com o que disse sobre as crises, que estas resolvem-se por forças endógenas (nós próprios, através da reflexão e das nossas acções) e exógenas (os amigos, a família, o Estado, os media, os colegas de trabalho, e todos os ‘outros’). A crise é o momento em que o todo se analisa como um todo e a parte não pode ser composta do todo. Daí que o princípio da solução para qualquer crise, na minha opinião, seja cada um de nós caminhar nesse sentido. Agora, cada um que ler esta palavra «caminhar», cada qual retirará, espero, o melhor sentido. Conversar, escrever, pensar sobre como sair da crise julgo que faz parte dessa actividade peripatética, e que tal como os peripatéticos (nome dado aos alunos e seguidores do filósofo grego Aristóteles, porque o ensino nas suas aulas era feito através de longos passeios nos jardins do Liceu, em Atenas) possamos aprender um mundo melhor...

NCR

2 comentários:

António Balbino Caldeira disse...

Desculpa, "el camino se hace al andar" - mas posso falhar porque também cito de memória...

Nuno Cunha Rolo disse...

Tem toda a razão, António, muito obrigado pela correcção. Já corrigi!
M/ Cumprimentos,
NCR