domingo, 4 de abril de 2010

Política: esperança e liderança

(www.raizpolitica.wordpress.com)

A velocidade conjugada dos nossos passos e pensamentos é um dos marcos novos da nossa época. A velocidade, per si, não tem culpa, nem necessariamente nos desvia do que é mais importante. Podemos andar demasiados ocupados e atolados em afazeres como cuidar dos filhos, ajudar o próximo, participar em associações públicas ou privadas, prestar inúmeros voluntariados, preocuparmo-nos com a pegada ecológica dos nossos afazeres, etc... e, no entanto, estamos a fazer o certo, mesmo a “correr”. Mas não, a actividade cívica está a diminuir e a ocorrer da forma mais esporádica e mediática. O valor desta actividade é segmentado, desprotegido e condicionado, muitas vezes, a outros poderes pessoais ou instrumentais.

É certo que, por exemplo, escrever em blogues, criar grupos de reflexão e de análise da sociedade, em geral, podem ser formas de actividade cívica: marcadamente passivas e unilaterais, mas não o deixam de ser, dependendo apenas do seu conteúdo e valores transmitidos. Todavia, tal não tem sido suficiente para reforçar a participação das pessoas e a proliferação de iniciativas comunitárias. A vida pessoal e profissional caracteriza-se recentemente por um preocupante desequilíbrio entre o interesse individual e o interesse colectivo. Todos têm algo de que se podem queixar: seja ao familiar, amigo, ao empresário da loja ou supermercado local, do político da freguesia aos governantes nacionais, todos têm algo para se queixar e até os bons e válidos argumentos se diluem na espuma quotidiana portuguesa, que a todos assola e a ninguém conforta. A Política, neste domínio, é fundamental para equilibrar e dar coesão naquilo que realmente importa para qualquer cidadão responsável e democrático: a construção de um bem comum maior, esteja onde estiver, seja aquilo que for, independentemente da sua dimensão e qualidade.

A Política (cujo axioma democrático nela pressuponho) é responsável pela coesão e equilíbrio das pessoas, sem esquecer, todavia, que a Política é as pessoas, é toda a comunidade, dela faz parte integrante mesmo os que não gostam da sua representação actual ou dos seus representantes modernos. A Política racionalizada é exclusiva do ser humano. Por isso, ela deve ser a última esperança humana a perder e a primeira a ser conquistada. Sem Política, não se atinge a plena realização da res publica e do cidadão.

Ora, naturalmente que não podem todos governar, nem decidir, nem sequer participar em todos os diversos actos e poderes que a “publica” concede, e deveria conceder, aos seus cidadãos. A ver bem, tal seria o fim da democracia e o início da verdadeira demagogia. A exigência cívica, assim, é feita à democracia representativa e à participativa. E em ambas é necessária a existência de instrumentos de colaboração e de condução da resolução dos problemas dos cidadãos e daqueles que ainda não podem exercer os seus direitos ou nasceram. Canais de audição, meios de comunicação, estruturas de acção e ... condutores políticos exemplares que abra o caminho ou consiga transportar os meios disponíveis para os fins alcançáveis. Não são condutores imaculados ou alienados dos seus sentimentos ou interesses pessoais. São Homens cujo interesse pessoal é servir uma certa causa colectiva, de natureza superior ao próprio interesse pessoal individualizado, como todos os seres humanos possuem. São pessoas que procuram resolver os problemas dos outros, desenvolver o seu estado de ânimo, pessoal e a sua região, que procuram na mudança uma oportunidade de crescimento, o visível e o invisível, e que se levantam para defender causas que transcendem a sua carreira e a ambição de poder, e apostam todo o seu talento na energia, esperança e problemas dos outros, bem maiores, por vezes, que toda a capacidade e vontade do líder político.

A exigência da liderança de cada nação, comunidade ou bairro mede-se pelo nível de participação de cada cidadão. Quanto maior a participação de todos, melhor a (definição e) qualidade do condutor, pois a liderança é como uma corda de duas pontas: quanto mais força nela se fizer numa ponta, maior a resistência (e força) na outra.

A actividade cívica e política significa, pois, contribuir para um mundo melhor, seja ao nível do condomínio, da paróquia, da freguesia, da nação ou sociedade internacional. A Política é determinante para o fortalecimento e desenvolvimento de qualquer espaço humanizado. É ela o motor dos grandes governantes e por ela se pauta a “razão pública” da acção. Sustentadamente, não há comunidade ou nação que prospere sem esperança e sem boa liderança. Não é mais do que um início e de simples “verbo”, mas não é uma ilusão ou uma causa perdida. Ilusão ou causa perdida, é pensar-se que nada, cada um, e sem ninguém, pode fazer-se para resolver os grandes problemas e desafios actuais de Portugal, quer os materiais e económicos, o “bem-estar’, quer os psicossociais, o ‘ser’ ou o “lugar” português.

Não nos devemos esquecer que não há nada no mundo que conhecemos que saibamos com certeza que não nos sobreviverá.... o mundo não é assim tão curto e pequeno, ao contrário do tempo que nos resta!
E está a contar... decrescentemente...

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