terça-feira, 16 de setembro de 2008

Os gurus

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Há duas áreas onde abundam os gurus que cumulam dogmas escatológicos e quotidianos: a Economia e a Ecologia.
Na Economia, todos nos habituámos a ler os seus conselhos e as previsões sobre os mercados. Todos nos habituámos a ler os anátemas sobre as terríveis consequências sobre o mundo caso não se liberalizasse toda a Economia, ou caso não subscrevêssemos PPR, seguros de saúde ou produtos financeiros afins. Ou eles ou o caos.
Na Ecologia, todos nos habituámos a ler os seus conselhos e as previsões sobre o aquecimento global. Todos nos habituámos a ler os anátemas sobre as terríveis consequências sobre o mundo caso não se sobrepusesse a Ecologia sobre tudo e todos, caso não deixássemos de utilizar automóvel, de tomar banho todos os dias, ou de comer carne de vaca. Ou eles ou o caos.
A comunicação social dá-lhes voz: são os directos dos jornais económicos e os "minutos verdes". Nessas homilías diárias, os gurus da Economia e Ecologia dizem-nos como devemos viver. Com arrogância, porque quem não "engole" as suas verdades ou está de má fé (se o assunto for Economia é "socialista", se for Ecologia é "vendido aos interesses económicos") ou é ignorante e ainda não viu a luz.
Quando as suas previsões e/ou doutrinas encalham na realidade, logo tratam de maquilhar os factos com mais umas pazadas de doutrina:
Este ia ser o Verão mais quente da História, lembram-se? Não foi. Mas o Inverno, ui, vai ser rigorosíssimo, tudo por causa das alterações climáticas.
Esta era a era do crescimento económico sem fim (it's economy, stupid!), lembram-se? Não é. Mas o futuro, ui, vai ser lindo se conseguirmos agora viver uma geração no limiar da miséria, sem direitos no trabalho, tão descartáveis como um post-it.
Gurus? Quem precisa deles?

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