segunda-feira, 20 de julho de 2009

cronos xxxii



Na adolescência da minha geração, nos anos 80, havia poucos heróis e muitos ídolos, fruto das raras revistas de música que a má vontade dos pais dificilmente compravam. A fama da Bravo devia muito à pobreza de alternativa e à sua riqueza comercial (hoje diria-se merchandising). A informação e o conhecimento, fosse sobre o que fosse, não circulavam como agora. Uma dica de um amigo ou conhecido, nos anos 80, valia mais do que um "download" actual. Um videoclip na televisão de hoje equivale a um concerto de outrora. O "boca a boca" era O veículo de transmissão de conhecimento, sobretudo da boa música, chamada na altura de alternativa. Antigamente, os DJ eram acossados pelas perguntas naturais sobre o autor e o nome da música que passavam nos "pratos"; hoje, funciona mais ao contrário, para tocarem as músicas que os "clientes" sabem de cor.
Ao descobrir este vídeo, acabei por achar que ele é também um momento de tributo à música dos anos 80 e, portanto, à música da minha geração. Bom, esta questão da geração também mudou. Já não há propriamente gerações musicais. Quem tem 30 ou 40 anos ouve a música também daqueles que têm 15 ou 20. Vigora a lei do mercado, da liberdade de escolha e, de certo modo, da juventude perdida.
"Better be home soon" é de 1988, estavas prestes a fazer 17 anos, e nesse ano provavelmente ainda desconhecia esta música. Os êxitos demoravam largos meses, quando não um ou dois anos, a terem sucesso ou audiência significativa em Portugal. Outros tempos, belos tempos, mas bem piores do que os actuais. Não admira que a música tenha perdido as suas gerações. Os "novos" ouvem os mais antigos e vice-versa. Os "velhos" tentam compensar o que a idade e o mundo não permitiram. "Hallelujah" à música dos tempos! Intergeracional e despreconceituosa...

1 comentário:

LE disse...

Hallelujah.... Intemporal.
Muitas interpretações! Alguma(s) preferência(s). Mas, sempre um momento "especial" quando se encontra!!