sábado, 5 de novembro de 2011

Da soberba

O João Miranda do Blasfémias diz que «Há quem diga que existe um conflito entre a democracia e os mercados. Os gregos, coitados, querem fazer coisas mas os mercados não apostam na dívida grega. É uma opressão e uma chantagem. Mas não são só os mercados que oprimem a democracia. Experimentem referendar a gravidade. Vão ver que como a física oprime a democracia».

Pese embora seja surpreendente que já se diga em voz alta que a Democracia é um empecilho para o funcionamento "dos mercados", não é a primeira vez que pensamento como este domina a vida económica, em que uma corrente da Economia e as Finanças se torna Deus ex Machinna, e em que as pessoas deixam de ter voz: foi este um dos ingredientes que conduziu Hitler ao poder.

É que demonstra um estudo académico espanhol:

«Quanto mais corto nos benefícios sociais, mais agitação social tenho. O nível expectável de agitação aumenta maciçamente à medida que cai a despesa do Estado. (...)

Se tudo desabar na agitação social, haverá um segundo ciclo em que nos vamos deparar com menos crescimento e receitas fiscais ainda mais baixas. Depois tem que se cortar outra vez e vamos acabar numa espiral, vamos acabar por destruir grande parte do tecido social e político que mantém a estabilidade na Europa. (...)

É o que os alemães viveram no início da década de 1930. A cada ano, o governo tomava novas medidas orçamentais, reduzia os salários da função pública, tentava equilibrar o orçamento e sempre que fazia isto a economia contraía ainda mais, as receitas fiscais era ainda mais baixas, o governo tinha de cortar mais e, no final, destruiu a democracia alemã. Repetir este erro é completamente imperdoável, em 2011.»

E como hoje é 5 de Novembro, nada como olhar de frente para a soberba e dizer: "lembrem-se, lembrem-se", porque nós lembramo-nos!

Sem comentários: