segunda-feira, 26 de dezembro de 2005

Campo Contra Campo (XXX)

O Fatalista, ****

Gostei bastante do novo filme de João Botelho. E é um bom filme!
Não entendo algumas criticas negativas que tenho lido sobre a adaptação livre do livro de Diderot ("Jacques Le Fataliste") – que não li - feita pelo cineasta Luso. Inveja, má vontade, preconceito contra o cinema Português. São pistas à escolha do freguês.



Como tenho vindo a escrever cinema é plástica e Botelho filma com um cuidado único, jogando com a luz e sua ausência como poucos sabem. O argumento é divertido, fazendo Botelho uma boa analise de “certos Portugais” que se espalham por este “jardim” fora. Os retratos sociais em forma de metáfora estão bem conseguidos os actores não destoam, bem pelo contrario são uma clara mais valia para o filme de Botelho.
O destaque vai inteirinho para a sequência do Marquês e da Senhora D (até nos nomes das personagens há uma deliciosa critica...). Que vingança tão saborosa..., na tela, pois claro. Estereótipos e sentimento de classe postos a nu, apenas manchados na plástica, por um microfone arreliante que paira por cima da cabeça de Rita Blanco e José Wallenstein como se de um OVNI se tratasse.



Quer queiram quer não, João Botelho é um dos grandes cineastas do Portugal de hoje (“está escrito lá em cima”). E quem não o reconhece como tal nada sabe de cinema.
Uma sonoplastia irrepreensível e uma fotografia bem trabalhada emolduram aquele que é por certo um dos melhores filmes portugueses de 2005.
Façam me um favor e vão ver O Fatalista.

Nota: Também a Blogosfera se divide quanto à qualidade do filme. Querem ler? Aqui (link) não gostou..., mas aqui ao lado (link) gostou.

PSL

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