domingo, 31 de maio de 2009

n perguntas xl

Um criança tem ou não o direito de escolher os "pais"?

A pergunta não é tão pós-modernista como se poderá pensar. Pelo menos, desde Platão que a questão da paternidade de seres humanos é elevada a um problema da sociedade, e político, e sujeito a especulação filosófica. Hoje, o problema coloca-se motivado pelo consensual valor dos direitos das crianças, juridicamente plasmados, bem como pela grande receptividade, e acessibilidade, das pessoas a este tipo de problemas familiares, que se tornam da comunidade em geral, quando conhecidos por via dos diversos meios de comunicação social.

A reflexão não pode evitar preconceitos, experiências próprias, educações, formações e demais factores construtores da personalidade pensante de cada um, mas parece-me que há duas respostas complementares e compatíveis para esta questão, consoante as características do caso em concreto, reforçadas pela existência, desde os primórdios da Humanidade societal, de diversos tipos de pais.

Em regra, ou por princípio, a resposta à sobredita pergunta deve ser Não. Os filhos não têm o direito de escolher os pais. Os pais não se podem escolher, e refiro-me, naturalmente, aos "biológicos". À La Palisse, é impossível a qualquer ser humano escolher o pai biológico. O terreno da discussão, contudo, é deveras movediço para ser tão simples ou mesmo para se ficar por esta resposta. Basta avançar um pouco mais, e incluirmos os pais "maus" ou "bons", para que se entre num labirinto crítico e reflexivo de argumentos, divisor e concluso, como todos os labirintos. Exige-se assim a delineação de algumas fronteiras do próprio labirinto. Uma delas, é a definição de deveres mínimos para os pais e aquilatar se esses deveres são ou não cumpridos. A regra aqui é os deveres legais, independentemente dos vícios e das virtudes, das possibilidades e das necessidades, das fraquezas e das forças dos pais. Que são muitas no mundo actual, fortemente privatizado e publicitado. Para já, julgo que importa abrir algumas janelas responsivas que nem sempre vejo abertas. Para além da questão do Sim ou Não, algo maniqueísta, e da discussão de ficar com este ou aquele, um direito que deveria estar consagrado, e a legislação parece omitir nos pontos cardeais desta matéria, é o direito das crianças a ter mais do que um pai, sobretudo nas situações críticas do acolhimento e desenvolvimento da criança. Aliás, sendo a paternidade algo tão valorizada e marcante para um ser humano, quem recusaria ter mais do que um pai? Não é por acaso que milhões de crianças deste mundo consideram pai, a avó/avô, a tia/tio, a madrinha/padrinho, a madrasta/padrasto, etc..., seja por motivos de abandono, recusa, divórcio, morte, desconhecimento, incompatibilidade, etc... é um facto incontornável. Por vezes, até no parceiro se procura "o" pai e na parceira "a" mãe. De todas as classes sociais, de todas as gerações e idades, se pode encontrar no nosso meio de amigos e conhecidos pelo menos uma destas situações. E, contudo, a lei pouco ou nada reflecte isso, implicando com esse facto, omisso, a suposta falta de justiça de alguns casos, ou mesmo as polémicas intervenções de actores sociais e estatais nas decisões que, mal ou bem, comprometem o futuro da criança. Proibir-se uns pais de estarem com o seu descendente é, em princípio, algo de muito grave e marcante para ambos, de forma conscienciosa ou não pelos próprios. Obrigar uma criança a ter só uns pais, depois da violação sistemática e estruturada dos direitos dos filhos por parte dos pais é uma agressão humana que muito poucos conseguem lidar, mesmo para quem apenas vê ou ouve um noticiário.

A lei na família, historicamente, sempre foi pouco interventora e, de certo modo, esse deve ser o princípio estruturante desta relação. Todavia, a lei, em relação à realidade familiar, está ainda longe de ser actualizada. mas o problema não surge só agora, há séculos que ele perpassa a história da humanidade, que é rica, na vida e nos livros, em exemplos de como o "sangue familiar" (é uma metáfora, pois ele biologicamente não existe) é um mero veículo de concepção e não de criação. O mesmo se passa no mundo animal, para que se refute qualquer ideia "natural" desta matéria.

Portanto, nesta questão, tudo merece ponderação e vários são os momentos a que temos de dar opinião, para se chegar ao fim do labirinto da paternidade. Porque é de facto um labirinto. Para os pais, para todos os pais, para toda a sociedade humana. Esta, no século XXI, tem valores actualizados: o sucesso individual e profissional, a monoparentalidade, a erosão da autoridade, a liberdade familiar, a convivência periódica (não diária) dos filhos com os pais, etc. Há assim carências psicológicas que a lei não consegue suprir, nem deve. Mas a lei, a justiça, pode fazer algo que dificilmente outros farão por ela com a mesma força social: dar a uma criança, até mesmo a qualquer pessoa, a possibilidade de ter outro(s) pai(s), segundo cuidada e rigorosa casuística, e assim de lhe não ser negada a oportunidade justificada de ser um pouco mais feliz, havendo previamente pessoas que já o fazem. Ter outros pais não é ter um só pai, ou pais alternativos ou subsidiários, como parece ser a lógica de toda a legislação da família portuguesa (que acho-a justificada apenas para os casos criminosos). É haver outros pais complementares, com direitos e deveres. E estou mais do que convencido que a lei vai necessariamente caminhar para aí, mesmo que não seja na minha geração. Sem mais, pela constatação óbvia de que ela ocorre há décadas, de facto, na realidade social.

Nota: como notaram, não faço distinção de género nas palavras “pais” ou “pai”, excepto numa referência no post à conjugalidade.

n músicas lxxi

Soberba! Em ambos.



sábado, 30 de maio de 2009

Roubo & Roubalheira

Por que razão o Nuno Melo, membro da Comissão Parlamentar que investiga as razões que determinaram a nacionalização do BPN, pôde falar no roubo neste banco, e todos caem em cima de Vital Moreira quando este o fez?


Minuto 42 Segundo 15
Nuno Melo: «coisa diferente é quem durante anos roubou objectivamente»


Segundo 40
Vital Moreira: «a roubalheira do BPN»

O Provedor

A quem aproveita a confusão que envolve a substituição do social-democrata Nascimento Rodrigues reeleito para o cargo durante o Governo de Durão Barroso?
A quem aproveita a degradação do prestígio da Assembleia da República?
A quem aproveita o destempero das declarações de Nascimento Rodrigues?

sexta-feira, 29 de maio de 2009

Há Liberdade (CXXIV)

Ph. Jorge Bandarra

Caso único?

Um venerando Desembargador assumiu em público poder ter errado.
O Conselho Superior da Magistratura entende que essas declarações podem implicar responsabilidade.
Ou seja, o problema não é o erro, mas falar do erro...

quinta-feira, 28 de maio de 2009

Abanar a anca cinco minutos por dia nem sabe o bem que lhe fazia (XXV)

Porque com este calor fico com (ainda mais) saudades de sair por essa noite fora e dançar música “orelhuda” e pimba all night long.


Agora a brincar: esta martelada cumpre as regras da moda a régua e esquadro e mostra uma pricesinha da pop(-chunga) totalmente restabelecida. Ah e o vídeo; o vídeo é giro pá! Que é como quem diz, muito bem produzido. Essa é que é essa.

segunda-feira, 25 de maio de 2009

A velha Albion...

... também peca.
E não é que na pátria da correcção e da ética monárquica os gajos também são mesquinhos, também se vendem?
O facto de 230 deputados poderem demitir-se por causa das despesas pessoais e o facto de um colaborador próximo da Rainha ter permitido o acesso de dois estranhos a áreas reservadas a troco de mil e poucos euros, não limpa a podridão em que Portugal está envolvido.
Mas permite concluir que a única diferença entre portugueses e os ingleses, é que o sistema de controlo deles não foi construído pelos prevaricadores...

domingo, 24 de maio de 2009

Parabéns Pedro Proença

Pedro Proença está a arbitrar o jogo de consagração do clube de Pinto da Costa. É justo o reconhecimento: foi Pedro Proença que virou o campeonato quando o Benfica estava à frente, não permitindo que este descolasse...

n músicas lxviii

"Set The Fire To The Third Bar"



Para mim, os Snow Patrol são a versão menos genial dos Radiohead, por isso fazem excelentes músicas. Martha Wainwright, espécie de versão vocal feminina de Bob Dylan não fica muito atrás. Espero que gostem. A canção é muito bonita e as vozes são terapêuticas.

n publicidade XXII



Para quem acorda, veste e dá de comer a crianças todos os dias, arrisca-se a lembrar deste filme algumas vezes.

paleta de palavras LXXIII



Julgo que é a segunda vez que coloco esta música no blogue. Também não será a última, asseguro-vos. Pode ser a última terceira, a última quarta, enfim, o que a saúde e o o mau temperamento permitir, e o mundo exigir... mas não será a última segunda vez. Desta vez foi o mundo, essa massa anónima de teias humanas, seres vivos metafóricos em período de transformação para um mundo aracnídeo. Cada vez mais tecidas e fatais, as redes vão rastreando e apagando as pegadas, de tudo o que passa ou quer passear. Os primeiros hoje, os últimos de outrora. Em devir enrodilhado, todos querem ser primeiros, estar em primeiros, parecer primeiros, com o físico em 1 e a fazer "play" em todos os neo-objectos da pós-modernidade. Não há volta por onde se pode pegar nesta rede enredada na sua própria teia. Estamos todos enrolados nela e, sem se saber, continuamos alegremente a tecê-la, para gáudio público e pessoal das palavras narcisistas da nova bíblia contemporânea - a Internet. E que maravilhosa ferramenta! Embebeda-nos de auto-recriação e de talento, e convencimento de que estamos mais protegidos e seguros e somos únicos e diferentes. E que alguém nos oiça. E é a verdade, já não nos ouvimos apenas a nós próprios. Há sempre mais alguém que sabe das nossas palavras, com prejuízo natural do seu sentido, mas isso pouco importa. O sentido pouco ou nada revela o que o outro quer comunicar, as suas palavras, e assim viciosamente, o círculo se compõe, a teia se vislumbra e a rede se completa. Até que, quando o tempo e a vontade se encontram com a acção, a teia estica, vibra e revira-se, numa tremulada estonteante, ao som de momentos sonoros, iluminados, que duram apenas 6 minutos, mas não nos deixa repetir o mesmo acto duas vezes. Não há vezes iguais. Da primeira à última.

sexta-feira, 22 de maio de 2009

Bom petisco?




O Benfica contratou um “minino” que é um sonho. Pelo menos a acreditar no que se lê por essa Rede fora. Ora leiam lá, por exemplo, aqui.

Ai não querem trabalhar à borla?

Quantos mais casos de escravatura existirão por esse país fora?
Cativeiro do pastor Luís durou dez longos anos

Ai não querem trabalhar aos Sábados?

Os (neo) liberais andam de novo a espumar de contentamento por causa do que se passa na AutoEuropa, fábrica da Volkswagen, que tem o saudável costume de colocar trabalhadores a lutar entre si para ver de quem será a fábrica seguinte a fechar.
Isto porque a Administração da empresa ameaça, de forma cada vez menos velada, fechar a fábrica caso os trabalhadores não aceitem trabalhar aos Sábados sem o acréscimo de remuneração.
Agora o Eng. Belmiro de Azevedo, homem respeitável por ser dos poucos milionários portugueses que enriqueceu a trabalhar, num acesso de parvoíce veio dizer que a malta ou trabalha aos Sábados como se fosse um dia útil, ou então... há muita gente disposta a trabalhar por tuta e meia...
É o problema do neo-liberalismo: trata cada pessoa como um mero recurso, descartável e indesejável sempre que demonstra livre-pensamento...

Cai um pano Encarnado e Branco?

1. No passado sábado, a blogosfera benfiquista – pelo menos a menos atenta – foi surpreendida com o encerramento do Encarnado e Branco (link);

2. Eu não conheço a blogosfera sem o João. Se bem me lembro, quando cá cheguei, já pontificava o Terceiro Anel – provavelmente o blogue falecido que mais saudade deixou entre os blogonautas;

3. Foi lá que o João se deu a conhecer a todos nós. Anos depois mudou-se para a sua casa, o Encarnado e Branco. E foi nessa curva que o João riu e chorou, amou e odiou, viveu, sentiu as vicissitudes do nosso Querido Clube;

4. Sejamos claros: o João não é um blogger qualquer. Nas suas linhas revemos “in technicolor” toda a nossa alma benfiquista. O João consegue como mais nenhum de nós transmitir por palavras os nossos sentimentos. (Quase) sempre me revi nas suas palavras;

5. Um dia decidi aparecer num qualquer jantar de internautas benfiquistas. Fui, sinceramente, apenas para dar um abraço ao João e lhe agradecer todo o seu trabalho apaixonado. Fui também para lhe dizer o quanto ele sabia espalhar a nossa fé;

6. Desse encontro não nasceu propriamente uma grande amizade. Mas lá nos fomos encontrando pelos caminhos da paixão benfiquista;

7. Foi pois, confesso, com alguma surpresa (e respeito) que hoje – ao encontrar o João no Nosso Estádio – me apercebi que o João tinha escutado o meu silêncio;

8. De facto, nas últimas semanas tenho evitado falar do Benfica. E nem sequer me dirigi de forma alguma ao João quando ele consumou o encerramento do Encarnado e Branco;

9. Suspeitava no entanto que algo de muitíssimo grave se estaria a passar no seio do nosso Querido Clube para ser aquela a sua decisão;

10. Quis pois ouvir de sua viva voz as razões da sua decisão. Nos poucos minutos que falámos confirmei a minha sensação;

11. O Benfica, o nosso Benfica, vive por estes dias sem rei nem roque. Por entre incompetência e ódio. Ao sabor de caprichos e ameaças. Entregue aos bichos. Como alguém me disse hoje: sem águia-real que os devore;

12. João: respeito-te e respeito a tua opção. Compreendo a tua decisão. Mais, provavelmente no teu lugar tomaria a mesma atitude;

13. Acontece que o tempo não está para silêncios. Para reflexão, sim. Para recuos tácticos, sem dúvida. Mas nunca por nunca para virar as costas ao nosso fado;

14. Embora aceitando a tua sabática, desta humilde arcádia, peço-te – como de certeza muitos têm feito nos últimos dias - que penses e repenses a tua decisão;

15. Custa tanto vergar a paixão à razão. Mas somos Homens;

16. A tua presença na blogosfera não é uma presença qualquer – e tu sabes disso. O Encarnado e Branco assume-se como um farol do benfiquismo. E o nosso Querido Clube precisa – talvez mais que nunca – precisa de gente como tu: apaixonada mas lúcida;

17. E pluribus unum.

PS: Eu e o João não nos encontramos hoje na Luz porque sim; mas porque fomos apoiar os que vestem o Manto Sagrado na vitória no segundo jogo do play-off final de Andebol. Aconteça o que acontecer no domingo, lá estaremos de novo na próxima semana.

terça-feira, 19 de maio de 2009

Campo Contra Campo (CXXXIV)

Dois “Campo Contra Campo” seguidos? Estou possuído! Ou…, nem tanto.

Anjos e Demónios (***)

Ora…, isto nunca poderá acontecer no twitter. Este – o twitter – nunca conseguirá alcançar o charme deste – o blogue.
Vem este comentário despropositado à guisa de uma pequena nota cinematográfica sobre “Anjos e Demónios”. Porquê? Porque partindo à procura do que aqui tinha escrito sobre o filme anterior de Ron Howard baseado num livro de Dan Brown (“O Código de Da Vinci”), descubro neste post (link) que a desilusão foi tão grande que nem post escrevi sobre o filme. Descubro ainda que "Anjos e Demónios" de Brown – o livro – já tinha tido o seu momento arcádia (link) – foi há tanto, tanto tempo que nem me passava pela cabeça tal ter escrito.

E sobre "Anjos e Demónios"?
Bom; quase muito bom. Surpreendente, pois desta feita Howard esquiva-se às armadilhas de Brown. Isto é: o filme surge escorreito, certinho, em ritmo (quase) alucinante – como no livro – mas, ainda assim, não tão inverosímil como “as páginas amarelas” do escritor.
E isso chega para fazer um bom filme? Depende. "Anjos e Demónios" é também bem interpretado, a espaços realizado de forma muito competente e…, acima de tudo, prende (há momentos de pura catarse durante o filme) e diverte até mais não.
Nós queremos lá saber se aquilo pode (é!?) ser verdade ou mentira. Queremos, sim, espaço para voar. E isso não falta a "Anjos e Demónios".

segunda-feira, 18 de maio de 2009

Campo Contra Campo (CXXXIII)

“How good is surfing” questiona-nos via twitter Mick Fanning, ex-campeão do circuito mundial de surf e segundo classificado no ranking deste ano. No mesmo twitt o australiano sugere-nos o visionamento do trailer de Somewhere Near Tapachula, “(…) a truly inspiring story of love, life and hope”, nas palavras da pequena sinopse postada no You Tube.
Os “amigos” dos animais, se não tivessem mais nada com que se preocupar, também podiam cuidar assim dos humanos.
Vejam, por favor.

Animal

E sabendo eu que andam por cá meia dúzia de labregos iluminados preocupados com os toiros…, e os animais circenses. Ide pró Egipto, pázinhos!

quinta-feira, 14 de maio de 2009

A lata descomunal (2)

E pronto, lá vamos todos comprar a COSEC para ajudar as exportações, como os empresários portugueses tinham suplicado.
Significa isto que os principais actores do mercado encontraram mais uma área em que a iniciativa privada não é eficiente (pelo menos até a crise passar, já que a AEP - com a lata do costume - já anunciou que então será melhor reprivatizar a COSEC)?
Humm, cheira-me que não. O que se passa é a socialização do risco das exportações, ao passo que os respectivos beneficiários continuam a defender a contenção salarial.
Lucros garantidos e salários baixos: enfim, o paradigma económico português...
Mas há outra questão que se deve colocar e continua "imperguntada":
Como se vai fixar o preço que vamos pagar pela COSEC?
Por fim, o comentário de Camilo Lourenço, no Jornal de Negócios:
Se a Cosec está a restringir os seguros à exportação, isso deve-se ao risco das operações em causa. Se o Estado quer ser ele a dizer quem se deve segurar e a que preço, isso significa mudar os critérios segundo os quais esse risco é avaliado. Ou seja, passa-se de risco empresarial para risco político. É uma boa solução para os empresários e uma excelente solução para os vendedores: quem quer estoirar o seu capital a segurar exportações com base em critérios políticos de avaliação do risco? Mas é uma péssima solução... (adivinhou, leitor) para os contribuintes. Tudo isto num Estado onde a dívida pública está quase nos 81,5% do PIB. Fantástico!

Campo Contra Campo (CXXXII)

Foi assim que Cannes abriu este ano. Mas em 3-D.



[Assim de repente, quer-me parecer que há aqui muita influência do grande mestre Hayao Miyazaki]

Quinze anos é muito tempo?

É obrigatório ver este excelente resumo; e ler este (link) extraordinário texto de Bruno Roseiro no i também.

terça-feira, 12 de maio de 2009

Making Of

Natalie Portman (essa mesmo!) e Christine Aylward criaram um portal na Internet sobre a criação da arte cinematográfica e documentarista, se é que a distinção se justifica. Daí o portal chamar-se "Making of". Está destinado a todo o tipo de melómanos, bem como para aqueles que pretendem ser. Aceitam, inclusivamente, candidatos melómanos que desejem ser colaboradores do portal.
O portal, ainda em versão BETA, criado este ano, possui conteúdos exclusivos, interactivos, inovadores, bastante criativos, e com todas as ferramentas comunitárias modernas da nossa época, que deliciará com certeza qualquer amante da arte de fazer filmes. Pessoalmente, apesar da fase do tempo mínguo, cada vez mais estou fã do género cinematográfico documentarista; sinal disso é o tempo que gasto em frente à estante dos docummentários DVD, e dos filmes que compro, designadamente na FNAC. Até ao ano passado, se demorasse 5 minutos em frente a ela era muito.

Por exemplo, estão interessados nas razões de algumas cenas ou filmagens do "Quantum of Solace"?


Ou trailers e "partes" de filmes ainda por estrear?




Ou ainda conselhos para ser um argumentista ou escritor, para além da metodologia Kitchen Timer?



Portanto, um link a marcar nos favoritos do nosso browser.

Fazem lá tanta falta como o cigano no Benfica

Com tanta referência nos media até parece ser uma coisa importante: Ferrari ameaça sair da Fórmula 1.

Shoot the player

Pegue-se num músico ou grupo musical (australiano), coloque-se num ambiente inesperado (sobretudo australiano), dê-se-lhe um instrumento, para ele, incomum, façam-no passar despercebido pelo povo (australiano), a tocar velhas, novas ou improvisadas canções (australianas) e oiça-se a verdadeira essência da audiência, a música (australiana).
Encontram tudo no Shoot The Player, um portal de música australiana, assaz inovador e criativo. Não percam.





Para quando um para a música portuguesa?

melocádias actualizado

CRONOS XXIX

"Saudade" (1991) - Etienne Daho



En ce mai de fous messages
J'ai un rendez-vous dans l'air
Inattendu et clair
Déjà je pars à ta découverte
Ville bonne et offerte
C'est l'attrait du danger
Qui me mène à ce lieu
C'est d'instinct
Qu'tu me cherches et approches
Je sens que c'est toi

C'est à l'aube que se ferment
Tes prunelles marina
Sous quel meridien se caresser
Dans mes bras te cacher
Dans ces ruelles fantômes
Ou sur cette terrasse
Où s'écrase un soleil
Tu m'enseignes
Le langage des yeux
Je reste sans voix

Les nuits au loin tu cherches l'ombre
Comment ris-tu avec les autres
Parfois aussi je m'abandonne
Mais au matin les dauphins se meurent
De saudade...

Où mène ce tourbillon
Cette valse d'avions
Aller au bout de toi et de moi
Vaincre la peur du vide
Les ruptures d'équilibre
Si tes larmes se mèlent
Aux pluies de novembre
Et que je dois en périr
Je sombrerai avec joie

De saudade...

Diz que é uma espécie de maluco

Só ontem vi este pedaço de uma entrevista a Medina Carreira.
Estranho povo este que oferece o seu voto a mentecaptos que mentem “à tromba estendida” e apelida os seus melhores de “maluquinho de Arroios”.

domingo, 10 de maio de 2009

PALETA DE PALAVRAS LXXII

"Signs" - de Patrick Hughes

N DIAGONAIS XX

N MÚSICAS LXVI

"Pontes Entre Nós" (2007) - Pedro Abrunhosa



Para as elites das elites políticas, para as elites e as baixas elites políticas, para os cidadãos representados e não representados politicamente e para aqueles que se estão a lixar para a política, sem metáforas.

N PUBLICIDADE XXI

O novo filme do Channel n.º 5, com Audrey Tatou

Para que tudo fique na mesma...?

Diz Luís Filipe Vieira: "Vai haver mudanças".

Foi tão boa a festa, pá!

sábado, 9 de maio de 2009

À escuta

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A partir das 16:30 estarei no Rádio Clube Português comentando alguns assuntos jurídicos que marcaram esta semana.

Terreiro do Paço

Em conjunto com mais alguns elementos do Fórum Cidadania Lx, hoje assino um artigo de opinião no Público sobre o Terreiro do Paço.
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sexta-feira, 8 de maio de 2009

Os médicos e os políticos

A TVI está atransmitir uma reportagem em que exibe fotografias e o programa de um "congresso" de obstetrícia e ginecologia em Kuala Lumpur. Pela análise do programa nenhum dos médicos pôs os pés em qualquer congresso. A TVI transmitiu algumas conversas telefónicas com médicos meramente identificados com uma inicial (Dr. S., Dr. F., etc.).
Pergunto: tratando-se este um caso de fumos de corrupção, se em vez de médicos fossem políticos, quanto é que apostam que os nomes não seriam divulgados?

quinta-feira, 7 de maio de 2009

Tourada e Aborto

Há uns tempos, aqui e aqui, tive oportunidade de manifestar a minha estranheza pelo facto de - em regra - os defensores do aborto serem adversários das touradas, como se pudéssemos dividir a vida em compartimentos estanques, sendo que num estaria a vida intra-uterina e noutro a vida taurina.
Uns autarcas por esse país fora resolveram declarar que, ou proibiriam ou não licenciariam touradas (a tauromaquia é legal em Portugal) nos seus concelhos. Vai daí a associação Juntos pela Vida resolveu pedir aos mesmos autarcas que não licenciam touradas para não licenciar estabelecimentos onde se realizem abortos.
Para demagogo... demagogo e meio!

quarta-feira, 6 de maio de 2009

A lata descomunal

Ao mesmo tempo que pede a renacionalização de uma das (pouquíssimas) seguradoras de crédito que actuam em Portugal, a AEP critica o Governo por ter aumentado a função pública (facto que puxa os salários do sector privado) por afinal a inflação ser mais baixa do que se previa.
A AEP afirma que «a moderação salarial é uma exigência absoluta» para defender a competitividade.
Bem, além de qualquer merceeiro (sem desprimor para estes) saber que a competitividade não se mede pelos salários mas pelas opções de negócio que se toma quando se investe assumindo o risco inerente, é preciso uma lata descomunal para - ao mesmo tempo que se pede a moderação (i.e. congelamento ou redução) dos salários dos trabalhadores, se pedir a nós todos que asseguremos o seu risco.
É o neo-conservadorismo devorista e rentista no seu melhor! De facto, a AEP com líderes deste calibre bem pode migrar para paraísos da moderação salarial...

segunda-feira, 4 de maio de 2009

A Dama de Ferro enferrujado

«Decorria o quarto dia do mês de Maio do ano da graça do Senhor de mil novecentos e setenta e nove, quando foi eleita Chefe do Governo Britânico, Margaret Hilda Thatcher, a primeira e única mulher a alcançar esse desiderato. Seguiram-se onze anos que marcaram o Reino Unido e a história universal.
Conta-se que no início da sua governação terá atirado para cima da mesa de uma reunião do "Shadow Cabinet", "The Constitution of Liberty", de Friedrich Hayek e exclamado, "This is what we believe". Mito ou não, o certo é que seguiu a obra de Hayek ao pormenor, sendo para os não crentes, prova viva do quão errada é a sua teoria. Entre as primeiras medidas contam-se a abolição do salário mínimo, a redução dos serviços sociais, o fim da distribuição gratuita de leite nas escolas e um plano de recuperação económica através da redução da intervenção estatal e de um ambicioso programa de privatizações.
Se esta era a forma de reduzir a galopante inflação britânica, conseguiu-o durante um ano. Depois duplicou para os 20%, acompanhada de um desemprego multiplicado por três e de uma profunda recessão económica em 1981.
Em 1982 surge a sua tábua de salvação, a Guerra das Malvinas. A vitória, muito à custa do apoio militar americano, levou-a à reeleição com maioria em 1982. Era o orgulho nacionalista britânico a fazer esquecer os estômagos vazios. Ainda obteve outra reeleição, desta feita sem maioria.
Em 1987 cria o famoso poll tax, imposto regressivo que taxava mais quem menos ganhava. Enfrentou então a ira popular que lhe contou os dias à frente do Governo Britânico, despedindo-se do cargo sem a glória que chegou a alcançar.
Ronald Reagan chamou-lhe "O Homem Forte do Reino Unido". Para a história ficou como "Dama de Ferro".»
André Couto, no Delito de Opinião

domingo, 3 de maio de 2009

Um partido político positivo, por favor! (2.ª parte)

A política ainda é feita e avaliada pela marcação das agendas internas e pessoais, e segundo os timings e padrões mediáticos, delineados segundo a segundo, palavra a palavra, postura a postura. Aquela não reflecte o que o país pensa, nomeadamente no que respeita aos jogos da oposição e da desvalorização do adversário. Não conheço nenhum cidadão "apolítico", desde os menos instruídos aos desinteressados, que não defenda a verdade e transparência que acima referi, ou que não gostasse de ver realizada uma valorização desinteressada dos adversários, sem reservas ou minorações personalizadas. Esta realidade fáctica não deve, contudo, omitir a idealidade política, pois o objectivo puro e ancestral da política é o poder, ou seja, ganhar eleições e não propriamente cidadãos ou militantes. Com esta táctica limitadora, os não praticantes da política raramente ganham eleições, quanto muito contribuem para a selecção dos eleitos. O processo democrático ou político, incluindo os seus críticos, enquadra-se, cada vez mais, num sistema autopoiético da crítica ao exercício do poder: uns, queixam-se de que não conseguem chegar ao topo dos partidos; outros, supondo um sistema fechado e maratonista de contorcionismos ideológicos e pragmáticos rejeitam à partida qualquer cumplicidade formal com os partidos. Mas nem sempre o que parece, é. Recordo uma queixa de António Borges há uns anos sobre a quase impossibilidade de alguém, sem carreira partidária ou política, chegar à gestão de topo partidária. Pois bem, desde o ano passado que este senhor é vice-presidente do maior partido da oposição, estando, portanto, num excelente posicionamento para ser membro do governo, ou mesmo chefe de um futuro governo, no caso, do PSD. Outros casos de mobilidade política partidária, como os renegados, os expulsos ou mesmo os “trasladados” políticos, por vezes na condição de deputado, são casos reais da política portuguesa. O sistema é, assim, retro-alimentado, notando-se um fio condutor dominante e hegemónico: a (pequena e deslegitimada) elite.
De certo modo, portanto, as oportunidades políticas e partidárias existem no sistema português. O sistema político português, sendo um sistema híbrido de várias matrizes políticas regimentais oferece essa virtude. O sistema partidário, dada a pressão/exposição da comunicação pública e o fornecimento de nova "matéria-prima" como condição de uma politica renovada do candidato partidário eleito também funcionam como válvulas de abertura e de um limitado "rejuvenescimento" de mérito, designadamente da sociedade civil profissional, artística ou desportiva. Mas não deixam de resultar em soluções artificiais, temporárias ou de expectativas frustradas. Funcionando como meros "jokers" ou cartadas "fora do baralho", dificilmente acabam por ser relevantes para os diversos jogos partidários que exigem outros trunfos.
Concluindo, para já, a característica falta de iniciativa política interventiva portuguesa, bem como a habitual manutenção dos velhos esquemas e mecanismos de organização, funcionamento e participação partidárias, assim como a dependência destes em relação ao Estado, não oferecem as melhores condições para termos partidos políticos “positivos” e participados com cidadãos militantes heterogéneos e desformatados da realidade intra-partidária. Quando a política não imita a vida de uma sociedade, ela acaba por ser o reflexo de uma minoria que se auto-alimenta por regras próprias e um “código de carreira”, típicos de uma elite política gasta, incapaz de se renovar ideologicamente e de criar líderes globais, estratégicos e universais. Um mal democrático menor, é certo, mas com uma cara factura democrática e governativa a pagar pelos legítimos soberanos.

N PUBLICIDADE XX