sábado, 2 de abril de 2011

Da usura

O que São Basílio Magno (séc. IV) escreveu sobre a usura é temível: "Os cães, quando recebem algo, ficam mansos; mas o usurário, quando embolsa o seu dinheiro, irrita-se tremendamente. Não cessa de ladrar, pedindo sempre mais... Mal recebeu o dinheiro e já está a pedir o dinheiro do mês em curso. E este dinheiro emprestado gera mal atrás de mal, e assim até ao infinito." Por isso, o Concílio de Latrão, em 1179, proibiu aceitar esmolas dos usurários, admiti-los à comunhão e dar--lhes sepultura cristã.

Hoje a isto chama-se os mercados financeiros, com a sua lógica devoradoramente insaciável. Portugal sabe-o por experiência. Quem não viu veja e quem viu reveja Inside Job.

Anselmo Borge, Diário de Notícias

2 comentários:

Pedro Soares Lourenço disse...

A proibição da usura é clara e comprovadamente uma das principais razões do atraso económico e social dos países que aderiram à Contra-reforma face aos países que impulsionaram e aderiram à Reforma; não só mas também por não termos tolerado a usura é que hoje continuamos a demoniza-la – ao fim de tantos séculos já era tempo de nos colocarmos do lado certo da “vassoura”…

Nuno Santos Silva disse...

Pedro, uma coisa é a usura, que é uma relação leonina (ugh...) entre mutuante e mutuário; outra é a admissão do juro.